Política

Rede completa 1 ano sem ‘decolar’ candidaturas apoiadas por Marina

Partido da ex-petista lançou nomes para prefeitura em dez capitais, mas só deve eleger “migrante” do PSOL em Macapá

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A Rede Sustentabilidade, partido criado pela ex-senadora Marina Silva, completou seu primeiro ano de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na semana passada. O desempenho da legenda nas campanhas municipais de 2016, contudo, ofuscou a comemoração.

O partido não consegue reproduzir o ‘efeito Marina’ das duas últimas campanhas presidenciais, quando ela obteve 19% e 21% dos votos válidos nas eleições de 2010 e 2014. Em 2016, apesar da agenda da ex-petista com candidatos da Rede, em apenas uma das dez capitais com nomes próprios na cabeça de chapa o candidato apoiado por ela figura entre os primeiros colocados.

É o prefeito em reeleição em Macapá, Clécio Luís, que lidera com 27% das intenções de voto, de acordo com a última medição do Ibope, em 16 de setembro. Eleito em 2012 pelo PSOL, o prefeito da capital do Amapá chegou à Rede pelas mãos do senador Randolfe Rodrigues, outro que migrou do PSOL para a Rede.

O fraco desempenho dos candidatos do partido de Marina Silva ocorre até mesmo em estados nos quais Marina surpreendeu na disputa de 2014, como Rio de Janeiro, onde obteve 31% dos votos. Na capital fluminense, a disputa embolada pelo segundo lugar não inclui o deputado federal Alessandro Molon.

Com apenas 18 segundos no horário eleitoral gratuito de televisão, Molon tem utilizado a imagem de Marina para crescer nas pesquisas. Sem conseguir decolar nas intenções de voto, porém, o também ex-petista aparece em oitavo com 2% das intenções de voto.

Desempenho dos candidatos da Rede
Aracaju Dr. Emerson 4%
Belém Úrsula Vidal 1%
Cuiabá Renato Santtana 0%
Goiânia Djalma Araújo 0%
Macapá Clécio Luís 27%
Manaus Luiz Castro 1%
Natal Freitas Júnior 1%
Rio Branco Carlos Gomes 1%
Rio de Janeiro Alessandro Molon 2%
São Paulo  Ricardo Young 0%

Fonte: Datafolha e Ibope

O mesmo ocorre na capital do Acre, estado de origem de Marina. Ela venceu Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) no seu estado natal em 2014. Em 2016, porém, seu apoio a Carlos Gomes na disputa por Rio Branco não tem sido suficiente para o candidato sair do patamar de 1% nas pesquisas.

O coordenador da Executiva Nacional da Rede, Bazileu Margarido, minimiza o desempenho dos candidatos do partido. “A Marina sempre falou que ninguém é dono de voto, que ninguém é dono do eleitor”, afirma.

Agenda intensa

Apesar da negativa do coordenador da Rede, Marina participa ativamente da agenda dos candidatos. No Rio, ela participa ativamente da campanha de Molon. Em São Paulo, além de gravar para o programa de Ricardo Young, tem feito corpo a corpo com eleitores ao lado dele nas ruas.

Nesta semana, a líder da Rede estará em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Rio Branco. “Ela (Marina) tem procurado apoiar nossas candidaturas, mas é nossa primeira eleição, o que é uma oportunidade de colocar nossas propostas”, pondera Margarido.

O dirigente reconhece que nas capitais “a tensão é maior” e, por isso, a Rede decidiu embarcar em coligações como a de Alexandre Kalil (PHS), em Belo Horizonte, que tem o ‘marineiro’ Paulo Lamac como vice.

Kalil surpreendeu ao aparecer em segundo lugar nas pesquisas, posição que vem consolidando e que deve colocá-lo no segundo turno da capital mineira. O aliado da Rede adotou como discurso o embate contra políticos tradicionais, o que o aproxima de Marina, cuja bandeira da “nova política” lastreou a criação da Rede.

Lamac, contudo, é um político experiente. Foi vereador por dois mandatos e está no segundo como deputado estadual. A Rede chegou a lançar sua candidatura à prefeitura de Belo Horizonte, com a presença de Marina, mas Lamarc desistiu para ser vice de Kalil.

A desistência irritou a líder da Rede, que até agora não participou da campanha de Kalil e Lamac na capital mineira. “Ele (Kalil) nos convidou e colocou que precisava de um melhor contato no meio político”, diz em tom amenizador o coordenador nacional da Rede.

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