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Opinião
O Brasil do chanceler que aprendeu geopolítica jogando “War”
E o planeta continuará perguntando, com que roupa? A do Zé Carioca? Fazendo-nos estúpidos
Por
Rui Daher
07.11.2019 00h30 | Atualizado há 4 anos
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É imensa a melancolia que chega, ou deveria chegar, a qualquer brasileiro quando percebe como se discute, em confronto, o futuro do planeta em sociedades mais avançadas e nesta Federação de Corporações, agora mais avantajada, depois que o Regente Insano Primeiro, seus filhos, e um séquito de autoridades (?) despreparadas assumiram o governo.
Hoje em dia, a meu ver, as discussões mundiais mais importantes passam por três planos de avaliação: 1) O futuro da democracia liberal inscrita no aumento da desigualdade social e das relações de trabalho, mesmo em países avançados; 2) Os efeitos da inação sobre o clima na elevação da pobreza humana e ambiental; 3) As relações internacionais de comércio como embrião de futuros conflitos globais.
E aqui? Ora aqui: 1) Pratica-se neoliberalismo econômico selvagem, com privatizações qualquer nota, e desertificação de qualquer medida de inserção social; 2) Faz-se afrontas diárias às preservações ambientais e culturais, com repercussões dramáticas e respostas imbecis assinadas por ministros de Estado; 3) Escolhe-se mal os parceiros comerciais, e dá-se subalternas molezas a quem nada nos dará em troca. Nosso chanceler, deixando a excelência do Instituto Rio Branco e da tradição do Itamaraty, aprendeu geopolítica jogando o velho e bom War.
Mas, leitores e leitoras, nem mesmo isso é discutido aqui com alguma prioridade, inteligência ou racionalidade. Foram assassinados, em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, a vereadora (PSOL) e socióloga Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, por milicianos criminosos já identificados. Só faltam os mandantes, embora desconfiemos.
E o que imperam em noticiários? O porteiro, o condomínio na Barra, a voz ao interfone ou celular, o jornalismo da Globo, tão impiedoso com Lula, como se comporta no octógono? Impávido texto de Ali Kamel contra o dedo de Eduardo Bolsonaro apontando para adulterada telinha de dúbia portaria.
Jair Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Mas rumemos aos movimentos de mudanças mundiais, que pouco interessam à Pátria Amada Brasil.
Sobrevivem, de forma mais aguda, nas democracias atuais, a dicotomia entre a opressão do Estado, eufemisticamente chamada de controle, e os anseios da sociedade, da mesma forma, denominada anarquia social.
Segundo o professor de economia política internacional em Harvard, Dani Rodrik, tal dualidade faz a democracia liberal “se equilibrar no fio da navalha”. Tais distopias, “se a sociedade civil não permanece vigilante e não é capaz de se mobilizar contra pretensos autocratas, a volta ao autoritarismo sempre é uma possibilidade”.
Não seria exatamente isso que chegou ao Brasil, com Jair Bolsonaro? Ou o autoritarismo deles não parece estabelecido, como ação e intensão?
Mais óbvias e desastrosas são nossas imperícias em relação aos biomas terrestres e marítimos, provas de nosso potencial em riqueza e dominação futuras. Os ineptos que formam o governo nem mesmo isso alcançam. Destroem-no e, abestados, entregam nossos tesouros. Pior, se não desalojados, farão irreversível a destruição. E o planeta continuará perguntando, com que roupa? A do Zé Carioca? Fazendo-nos estúpidos.
Paul Polman, que por dez anos presidiu a Unilever, hoje presidente da Câmara Internacional do Comércio, afirma em entrevista ao Valor (17/10): “Atualmente o setor de energia limpa cria sete vezes mais empregos do que o de combustíveis fósseis (…) A transição rumo à economia verde faria do Brasil um líder e tiraria muito mais gente da pobreza”.
Nem por isso precisamos entregar camada e tecnologias do pré-sal petrolíferas estrangeiras.
No comércio internacional, somente o mercado chinês, conquistado há décadas, deverá permanecer como nosso catalizador internacional. Mantenham-na, mas também diversifiquem os destinos. Estão em países asiáticos e africanos as taxas mais significativas para crescimento futuro.
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