Mundo

Número de mortos na Bolívia vai a 32; Evo Morales denuncia genocídio

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou que convocará ainda nesta quarta-feira eleições gerais no país

Apoiadores do ex-presidente Evo Morales se manifestam nas ruas de La Paz (Foto: AIZAR RALDES / AFP)
Apoie Siga-nos no

O ex-presidente Evo Morales insistiu nesta quarta-feira 20 que a repressão dos protestos na Bolívia é um “genocídio”. O número de mortos desde o início da crise após as eleições de 20 de outubro subiu para 32 pessoas. Ainda nesta quarta-feira, a presidente interina Jeanine Añez anunciou que convocará ainda nesta quarta-feira novas eleições no país.

Os protestos contra a vitória contestada de Evo Morales para um quarto mandato culminaram com o cancelamento das eleições e a renúncia do líder indígena. A Procuradoria Geral da Bolívia confirmou que oito pessoas morreram na terça-feira 19, durante uma operação policial-militar em uma fábrica de combustíveis na cidade de El Alto, vizinha a La Paz. Um primeiro balanço havia apontado apenas três mortes neste confronto.

“Depois do golpe de Estado, temos cerca de 30 mortos. Este massacre é parte de um genocídio que ocorre em nossa querida Bolívia”, disse Morales em uma entrevista coletiva à imprensa na Cidade do México, onde está exilado. “Estão matando meus irmãos e irmãs”, completou.

Pelo Twitter, ele lançou um apelo “à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e à ONU para que denunciem e freiem este massacre de irmãos indígenas que pedem paz, democracia e respeito à vida nas ruas”.

Novas eleições

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, anunciou que convocará ainda nesta quarta-feira eleições gerais. Esta é uma das principais reivindicações de vários setores da sociedade para superar a crise e a polarização do país.

Áñez acrescentou que ainda não foi definido qual será o mecanismo legal de convocação da votação, se por uma lei aprovada no Congresso ou se por decreto presidencial, em caso de ausência de consenso político. O processo será observado por organismos internacionais e por outras instituições, como a Igreja católica, que vêm tentado mediar um diálogo interpartidário para agilizar uma nova disputa e definir o cronograma eleitoral.

A presidente interina adiantou que “tentará respeitar o máximo a Constituição”. O Senado boliviano foi convocado para esta tarde, mas tudo indica que haverá complicações nos debates entre os apoiadores do governo interino e os parlamentares leais a Evo Morales.

OEA

A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou nesta quarta-feira uma resolução em que garante apoio técnico à Bolívia “para que se dê início imediato ao processo eleitoral, em conformidade com os princípios de transparência, independência, credibilidade e confiança”. O texto pede “o fim imediato da violência” e que as autoridades garantam, “de maneira plena e irrestrita”, o respeito e a proteção dos direitos humanos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo