Sustentabilidade
Governo exonera responsável por coordenar dados de desmatamento
Demissão ainda não foi explicada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e vem depois de dados sobre recordes de desmatamento na Amazônia
O governo federal exonerou nesta segunda-feira 13 a coordenadora-geral de Observação da Terra do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), cargo técnico responsável por receber e compilar os dados referentes, entre outras coisas, ao desmatamento e uso irregular da terra na Amazônia.
O pedido de exoneração de Luba Vinhas foi assinado pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, e não traz a justificativa da demissão da servidora.
Segundo o site do Inpe, a área de Observação de Terra coordena os campos de “sensoriamento remoto e geoprocessamento, levantamento de recursos naturais e monitoramento do meio ambiente”, além de aprimorar práticas de processamento de imagens digitais, importantes para as estimativas feitas em relação à retirada da floresta.
O momento para a retirada de Luba é preocupante, já que, na sexta-feira 10, o Inpe atualizou os números sobre a devastação da Amazônia e confirmou a desconfiança de que o bioma está sendo mais destruído sob o governo Bolsonaro.
Não é a primeira vez que o órgão sofre possível interferência política em sua composição técnica. Também em meio a uma crise, Bolsonaro exonerou em 2019 o então diretor do Inpe Ricardo Galvão após o cientista afirmar que os dados divulgados pela plataforma Deter eram confiáveis, ao contrário do que sugeriram, na época, o presidente e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Os alertas de desmatamento atingiram 1.034 quilômetros quadrados em junho, uma área 11% maior do que a verificada em 2019 e o pior mês de junho desde 2015, quando o Deter começou a operar. Como a “época seca” da Amazônia dura entre junho e setembro, esse período, que já é normalmente de altas relacionadas aos incêndios na floresta, deve ser ainda mais crítico seguindo a falta de políticas estruturais do governo para a área, avaliam especialistas.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.