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Suposto autor de ataque em Paris tem 18 anos e já era fichado na polícia

Dois homens foram presos e estão sendo interrogados

Polícia francesa detém um dos suspeitos do ataque à faca em Paris (Foto: Laura CAMBAUD / AFP)
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O primeiro-ministro da França, Jean Castex, e o ministro do Interior, Gérald Darmanin, estiveram no local do atentado cometido nesta sexta-feira 25 em Paris, próximo à antiga sede do jornal satírico Charlie Hebdo.

Duas pessoas, um homem e uma mulher, foram feridas com um machado, uma delas gravemente. Dois suspeitos foram detidos pela polícia francesa. Castex reafirmou sua “resolução em lutar contra o terrorismo utilizando todos os meios”, em uma coletiva no local do ataque.

O principal suspeito do ataque tem 18 anos e é de origem paquistanesa, segundo a emissora de rádio francesa Europe 1. Ele foi capturado pela polícia na região da Bastilha, durante a fuga. O segundo suspeito tem 33 anos, segundo fontes policiais, e foi detido na estação de metrô Richard Lenoir, próxima ao local dos ataques. As prisões foram possíveis graças às imagens das câmeras de vigilância do local.

O procurador-geral da Procuradoria Nacional Antiterrorista (PNAT), Jean-François Ricard, que também esteve presente no local, afirmou que os dois homens presos estão sendo interrogados.

Ao seu lado, o primeiro-ministro Jean Castex, disse que os dois feridos no ataque são jornalistas que fumavam na rua, perto da agência Première Lignes, onde trabalham. Eles não correm risco de vida, segundo o premiê francês. De acordo com informações do dono da agência, Paul Moreira, ambos trabalham na pós-produção de documentários para a TV francesa e europeia.

Os 125 estabelecimentos escolares fechados pela polícia francesa em três bairros vizinhos aos ataques foram finalmente liberados às 16h30 desta sexta-feira 25, no horário local. Durante todo esse tempo, as crianças e adolescentes foram mantidos dentro das escolas e liceus, e seus pais não tinham permissão  para irem buscá-los. O atentado aconteceu no 11° distrito da capital francesa, no antigo endereço do jornal satírico Charlie Hebdo, que hoje opera em um local secreto e desconhecido. Os jornalistas e ilustradores contam com proteção policial 24h,

Segundo testemunhas, as vítimas foram atacadas em plena rua com uma arma parecida com um machado, segundo descreveram testemunhas  à TV francesa. Ela foram socorridas logo após o ataque por funcionários de escritórios vizinhos. A Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) da França anunciou a abertura de uma investigação por “tentativa de assassinato em conexão com uma empresa terrorista”, que ficará sob a responsabilidade da Brigada Criminal e à Direção Geral de Segurança Interna (DGSI).

“Tudo aconteceu por volta das 11h45, um homem chegou e atacou com um machado dois funcionários que fumavam em frente ao prédio [antiga sede do Charlie Hebdo], um homem e uma mulher”, disse à agência  AFP Paul Moreira, fundador e codiretor da produtora Premières Lignes. “O homem e a mulher ficaram gravemente feridos”, acrescentou.

Julgamento

O incidente ocorre no momento em que a França julga onze acusados de cumplicidade no atentado que dizimou a redação do semanário satírico em 7 de janeiro de 2015, matando 12 pessoas, incluindo os principais cartunistas da publicação e policiais (um deles estava na rua). Os réus também são acusados de envolvimento nos atentados ocorridos em seguida, que deixaram uma policial e quatro mortos no supermercado judaico Hyper Cacher, perto da praça Nation, no 12º distrito da capital.

Na quarta-feira passada, em virtude do processo, a redação de Charlie publicou novas caricaturas do profeta Maomé, que levaram a Al Qaeda a promover o atentado em 2015. Após esse episódio, o grupo terrorista prometeu novos ataques contra a redação do jornal satírico. O presidente Emmanuel Macron apoiou a decisão da publicação, defendendo a liberdade de imprensa vigente na França e o direito à blasfêmia.

Repercussão

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, exprimiu nesta sexta-feira no Twitter a sua “total solidariedade com o povo francês” após o atentado. “Todos os meus pensamentos estão com as vítimas deste ato covarde de violência. O terror não tem lugar em território europeu”, tuitou Michel, que foi primeiro-ministro da Bélgica durante os ataques terroristas que atingiram Bruxelas em 22 de março de 2016.

O Charlie Hebdo prestou apoio às vítimas do ataque, em particular seus “ex-vizinhos e colegas” da produtora Première Lignes, cujos funcionários foram feridos nesta sexta-feira. “Toda a equipe de Charlie dá apoio e solidariedade aos seus ex-vizinhos e colegas e àqueles afetados por este ataque hediondo”, publicou  o jornal satírico no Twitter

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