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Promotoria francesa pede quatro anos de prisão para Sarkozy

Ex-presidente da França disse a tribunal que ‘nunca cometeu o menor ato de corrupção’ e prometeu ir ‘até o fim’ para limpar seu nome

Ex-presidente Nicolas Sarkozy. Foto: Bertrand Guay/AFP
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A promotoria pediu nesta terça-feira 8 quatro anos de prisão, dois deles com sursis, contra o ex-presidente Nicolas Sarkozy, julgado por corrupção e tráfico de influência em Paris. O ex-presidente de 65 anos, que governou a França de 2007 a 2012, é acusado de ter tentado subornar um juiz com um cargo muito disputado em troca de informação privilegiada sobre outro sumário.

Os promotores pediram a mesma pena para seus co-acusados, o ex-juiz Gilbert Azibert e o advogado habitual de Sarkozy, Thierry Herzog. Para este último, pediu também uma proibição de cinco anos do exercício da profissão.

“Estes fatos não teriam ocorrido se um ex-presidente, advogado aliás, tivesse levado em consideração a grandeza, a responsabilidade e os deveres de seu cargo e que ele foi durante cinco anos o guardião da independência da autoridade judiciária”, afirmou perante um tribunal de Paris o procurador Jean-Luc Blachon.

Também denunciou os “efeitos devastadores deste caso”, que disse “atingir os valores da República”, e acrescentou que esta acusação havia “prejudicado” a instituição judicial, a profissão jurídica e a imagem presidencial.

Sarkozy, que governou a França de 2007 a 2012, declarou ao tribunal na segunda-feira que “nunca cometeu o menor ato de corrupção” e prometeu ir “até o fim” para limpar seu nome.

As acusações de corrupção e tráfico de influência são passíveis de punição com penas de até 10 anos e multa de um milhão de euros (1,2 milhão de dólares).

“Informação confidencial”

Sarkozy é suspeito de ter tentado corromper, em colaboração com Herzog, Azibert, quando era juiz do Tribunal Supremo.

De acordo com a acusação, o ex-presidente tentava obter informações cobertas  pelo sigilo profissional e influenciar nos processos abertos na alta jurisdição relacionados ao caso Bettencourt, encerrado no final de 2013.

Em troca, teria oferecido a Azibert sua ajuda para obter um cargo de prestígio que este desejava em Mônaco, apesar de nunca tê-lo conseguido.

Concluiu-se que “com certeza” o magistrado, um “homem com ligações”, recuperou e transmitiu “informações confidenciais” a seu amigo Thierry Herzog, disse a promotora Céline Guillet.

Pouco importa que Azibert nunca tenha sido nomeado em Mônaco. “Apenas a promessa claramente apresentada de apoiar Gilbert Azibert em troca de seus esforços no Tribunal Supremo é suficiente”, acrescentou Guillet.

Após a declaração da promotoria, Sarkozy deixou o tribunal, sem fazer qualquer declaração.

Este é um julgamento sem precedentes, já que Sarkozy é o primeiro ex-presidente da França desde a instauração da V República (1958) a se sentar fisicamente no banco dos réus.

Antes dele, apenas Jacques Chirac, seu antecessor e mentor político, foi julgado e condenado por desvio de dinheiro público quando era prefeito de Paris. No entanto, devido a problemas de saúde, ele nunca compareceu ao tribunal.

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