Política

Acuado pela CPI, Bolsonaro evoca o ‘kit gay’ e diz que ‘zerou a sexualização nas escolas’

Em contato com militantes em Brasília, o presidente também disse que a pandemia ‘não vai embora mais, não’

Paulo Guedes e Jair Bolsonaro nesta terça-feira 27. Foto: Reprodução/Redes Sociais
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No dia da instalação da CPI da Covid no Senado, que tem como alvo principal a omissão do governo de Jair Bolsonaro na pandemia, o presidente conversou com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada e aproveitou para atacar o educador Paulo Freire e reeditar a propagação de fake news sobre o ‘kit gay’. Além disso, Bolsonaro disse que a Covid-19 “não vai mais embora”.

“A pandemia atrapalhou muito, levou muita gente a óbvio. Infelizmente, a gente tem que conviver com isso, não vai embora mais, não. A medida não é ficar em casa o tempo todo. Isso destrói empregos, leva gente à depressão, aumenta suicídio”, disse o presidente aos militantes, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Acuado pelo início dos trabalhos da CPI, Bolsonaro também evocou antigos ‘inimigos’ de seu governo, como o educador Paulo Freire.

“Hoje em dia a escola pública perdeu muito com a doutrinação de um tal de Paulo Freire. Não é fácil redirecionar a educação no Brasil”, disse. “Fazemos o possível. Você não vê mais aquela sexualização na escola, praticamente zerou no nosso governo. Ninguém quer o filho envolvido com sexo, mas a a esquerdalha que estava aí…”.

Bolsonaro ainda lançou mão de uma velha informação falsa, divulgada por ele e por seus apoiadores antes mesmo das eleições de 2018.

“Teve até um livro que eu mostrei ao [William] Bonner… Um menino tem um lugar que precisa botar o dedo no furinho ali e mexer (sic). Essas pessoas que estiveram 14 anos. O [Fernando] Haddad esteve 12 [como ministro da Educação]. Foram 14 anos de PT no Brasil”, completou.

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, em agosto de 2018, o então presidenciável mostrou o livro infanto-juvenil “Aparelho Sexual e Cia”, editado pela Cia das Letras, e afirmou que a obra era parte integrante do suposto ‘kit gay’.

À época, a própria editora se manifestou para rebater as mentiras de Bolsonaro. “O conteúdo da obra nada tem de pornográfico, uma vez que, formar e informar as crianças sobre sexualidade com responsabilidade é, inclusive, preocupação manifestada pelo próprio Estado, por meio de sua Secretaria de Cultura do Ministério da Educação, que criou, dentre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), um específico à ‘Orientação Sexual’ para crianças, jovens e adolescentes”.

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