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Canais de extrema-direita receberam R$ 5,6 milhões do YouTube
Os canais incentivaram atos antidemocráticos e publicaram vídeos atacando o STF e o Congresso Nacional
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Doze canais de extrema-direita receberam mais de 5,6 milhões de reais com a monetização do Youtube em apenas dois anos. Os vídeos publicados incentivaram atos antidemocráticos e atacaram instituições como o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. As informações são do UOL com base nos dados compilados pelo Ministério Público Federal.
O valor arrecadado pelos canais é referente ao pagamento pelos anúncios do Google exibidos durante a reprodução dos vídeos. Entre os canais, há quem tenha recebido mais de 1 milhão de reais em apenas dois anos.
É o caso dos canais Folha Política, Foco Brasil e Giro de Notícias. O primeiro recebeu sozinho quase 2,5 milhões entre 2018 e 2020. Já o segundo e o terceiro receberam 1,55 milhão e 1,1 milhão, respectivamente. Os três canais possuem mais de 1 milhão de seguidores cada.
Os dados sobre a remuneração dos canais de extrema-direita estão na petição do subprocurador da República Humberto Jacques de Medeiros encaminhada a Alexandre de Moraes, ministro do STF. Moraes é o relator do inquérito que apura atos antidemocráticos.
Vídeo apagados
Desde que começaram as operações que miram influenciadores bolsonaristas disseminadores de fake news, canais do Youtube de extrema-direita passaram a deletar milhares de vídeos em que incentivaram atos antidemocráticos e ataques ao STF e ao Congresso.
Outros alvos de operações contra fake news e atos antidemocráticos como a ativista de extrema-direita Sara Winter, líder do grupo 300 do Brasil, e o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio também constam na lista de canais que monetização do Youtube.
A ativista embolsou 10,7 mil reais entre 2018 e 2020 e Eustáquio 17 mil em junho de 2020, mês auge das manifestações antidemocráticas e contra o STF. Ambos já foram presos por ordem do Supremo.
Os canais citados pelo levantamento do portal negaram produzir conteúdos antidemocráticos. Já a Google, dona do Youtube, destacou apoiar as investigações.
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