Política

Autorizada por Moraes, PF abre inquérito que mira atuação de milícias digitais

Esses grupos, segundo o ministro do STF, podem ter contado com apoio de agentes públicos e parlamentares bolsonaristas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar indícios de atuação de uma milícia digital que atenta contra o Estado Democrático de Direito.

A investigação foi autorizada no dia 1º de julho pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na mesma decisão em que determinou o arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos. O magistrado destacou “fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e politico absolutamente semelhante àqueles identificados no Inquérito 4.781, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.

As investigações serão chefiadas pela delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro.

De acordo com Moraes, “essa organização defende a necessidade de exclusão dos Poderes Legislativo e Judiciário na tríade do sistema de freios e contrapesos da Constituição Federal, ora atacando seus integrantes, especialmente, no caso do Congresso Nacional, dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, ora pregando a própria desnecessidade de tais instituições estruturais da Democracia brasileira”.

“Ou seja, pregam de maneira direta o afastamento da Democracia representativa, com o retorno do Estado de Exceção, a partir do fechamento do órgão de reunião de todos os representantes eleitos pelo voto popular para o Poder Legislativo, e a exclusão do órgão constitucionalmente incumbido da defesa da Constituição Federal, induzindo e instigando a extinção total ou parcial do Supremo Tribunal Federal, como representação máxima do Poder Judiciário.”

Esses grupos, de acordo com Moraes, podem ter contado com o apoio de agentes públicos e parlamentares bolsonaristas, como Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e Daniel Silveira, réu por ataques ao STF. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos também é citado.

“A partir da posição privilegiada junto ao presidente da República e ao seu grupo político, especialmente os deputados federais Bia Kicis, Paulo Eduardo Martins, Daniel Lúcio da Silveira, Caroline de Toni e Eduardo Bolsonaro, dentre outros, além e particularmente o tenente-coronel Mauro Cesar Cid, ajudante de ordens do presidente da República, a investigação realizada pela Polícia Federal apresentou importantes indícios de que Allan dos Santos tentou influenciar e provocar um rompimento institucional”.

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