CartaExpressa

Clínicas privadas pagaram R$ 9,5 milhões à Precisa por vacinas não entregues

As empresas pagaram um ‘sinal’ de 10%, mas imunizantes nunca chegaram. A vacinação em clínicas privadas nunca foi autorizada

Foto: Indranil MUKHERJEE/AFP
Apoie Siga-nos no

Clínicas particulares de todo o Brasil já pagaram 9,5 milhões de reais à Precisa Medicamentos por doses da vacina indiana Covaxin que nunca foram entregues.

Os pagamentos constam na quebra de sigilo bancário da empresa em posse da CPI da Covid. A informação é do jornal O Globo.

A entrega dos imunizantes comprados pelas clínicas estava prevista para abril, mas até o momento a Covaxin não foi aprovada pela Anvisa, assim como a vacinação por clínicas privadas não está autorizada pelo Congresso.

O contrato prevê a devolução do valor pago caso a Precisa não cumprisse o prazo, que terminou em 30 de abril. A empresa, porém, ainda não devolveu o valor aos empresários. Segundo revelou a quebra de sigilo, apenas três clientes receberam o reembolso, totalizando apenas 147 mil.

O caso já foi parar na Justiça. Pelo menos duas clínicas já processaram a Precisa solicitando a devolução integral do valor.

A Clínica de Vacinas MDC pede no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) o direito de receber integralmente o valor pago, 66 mil reais, já que a Precisa tentou impor uma multa de 20% para a devolução. A multa, porém, não está em contrato e o pedido da clínica foi acatado pelo TJ.

Também em São Paulo, a Alliar pede a devolução de 1 milhão de reais que pagou como ‘sinal’ pelas vacinas. O TJ-SP, no entanto, ainda não analisou o caso.

Há ainda aqueles que não alegam problemas para reaver o valor e até mesmo quem ainda acredite no negócio e nem queira receber o dinheiro de volta.

A clínica Vacsim, em Belo Horizonte, por exemplo, diz que já acertou um prazo para a devolução e espera receber seu 1,2 milhão no dia 30 de julho.

Já a BRL Distribuidora de Vacina não quer o 1,7 milhão de volta e, por enquanto, ainda acredita que o negócio seja viável.

Em janeiro deste ano a rede privada esperava comprar até 5 milhões de doses da Covaxin por intermédio da Precisa Medicamentos.

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) chegou a viajar junto com Francisco Maximiano, dono da intermediária, que se apresentou aos indianos como representante formal da associação.

As clínicas, porém, sempre negaram qualquer lobby pela compra ou liberação das vacinas.

A Precisa Medicamentos é alvo de investigação na CPI da Covid por suspeitas de corrupção e irregularidades na venda de 20 milhões de doses de Covaxin ao governo federal, que nunca foram entregues.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.