Cultura

Anjos sem alma

Uma luta entre um grande chefe mafioso e um honesto detetive de homicídios

Apoie Siga-nos no

CAÇA AOS GÂNGSTERES


Ruben Fleischer

Sem exatamente ter uma alma própria, Caça aos Gângsteres nutre-se com franca intenção dos filmes que ajudaram a compor esse subgênero do cinema americano voltado à máfia, ao menos desde Scarface, o original de 1932.

O cenário na Los Angeles do fim dos anos 1940, e não na habitual Chicago, o faz mais próximo de referências como Chinatown e Los Angeles – Cidade Proibida, no que se refere ao universo dos clubes noturnos e do próprio cinema. Mas no resultado da direção de Ruben Fleischer a ser medido a partir da sexta 1º nos cinemas se verá que essa homenagem não se leva tão a sério como aqueles ótimos antecessores e nisso talvez resida um pouco do interesse. O próprio antagonista, um chefe mafioso interpretado por um canhestro Sean Penn, parece sublinhar um estilo mais para a comicidade de Dick Tracy. 

Mickey Cohen, esse grande chefe mafioso, pode sugerir uma caricatura patética, mas sua violência é brutal, domina a cidade e subjuga a força policial, a maior parte dela comprada. Um dos poucos honestos a enfrentá-lo é o detetive de homicídios John O’Mara (Josh Brolin), logo cooptado por um superior para formar um bando contra Cohen. Seus homens agirão em paralelo à lei e sem respaldo oficial, invisíveis ao poder. Entre eles, está um sargento (Ryan Gosling) que conquista a amante do capo (Emma Stone), a figura feminina a consumar a regra do gênero.

É com esse e outros fetiches de alguns modelos de Hollywood que o diretor Fleischer se diverte, como no caso do integrante da gangue que se apelida Hopalong, numa alusão à popular série de faroeste, e aos filmes de zumbi a que ele mesmo recorreu em sua estreia com Zumbilândia. Quando recrutados para essa luta, os heróis entram numa espécie de limbo e ganham contornos de mortos-vivos.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo