CartaExpressa

Funcionários de colégio militar acusam diretor de maus tratos contra estudantes

A unidade, que fica em Belo Horizonte, é ligada ao Ministério da Defesa. Bolsonaro defende a ampliação de colégios militares pelo País

Apoie Siga-nos no

Funcionários do Colégio Militar de Belo Horizonte divulgaram um manifesto contra o diretor da escola, o coronel de cavalaria Régis Rodrigues Nunes, acusando-o de submeter os estudantes a maus tratos e de não seguir as regras sanitárias para o combate à Covid-19. A informação é da Folha de S. Paulo.

No texto, os assinantes, que preferiram não se identificar por medo de represália, afirmam que os alunos – de 12 a 18 anos – foram submetidos “à exaustão durante treinamento para a formatura do aniversário do colégio”. O colégio comemorou no sábado 11 os 66 anos da instituição. No evento, esteve presente o ministro da Defesa, o general da reserva Walter Braga Netto.

Segundo os funcionários, durante o treinamento os estudantes eram obrigados a “ficar de pé o tempo todo e imóvel em boa parte do tempo, além de momentos em que a tropa desfila”. Alguns registros mostraram alunos menores de idade carregando uma espécie de espingarda chamada ‘pau de fogo’. Ainda que descarregadas, a entrega de armamentos a crianças menores de idade fere código do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ainda de acordo com a reportagem, os funcionários fizeram fotos de alunos procurando por atendimento médico durante o evento, na enfermaria do colégio, fato que teria sido questionado pelo diretor e coronel: “Qual o motivo pelo qual eles saíram de forma? Depois me passa, o que que está acontecendo. É falta de café, o que que é?”, teria dito em um áudio dirigido a um dos instrutores da instituição.

Os funcionários também teriam feito registro dos estudantes bebendo água direto em bebedouros, o que vai contra as recomendações de autoridades sanitárias no contexto da pandemia.

Em julho, a Justiça Federal de Minas Gerais determinou a abertura de uma investigação contra o colégio por supostamente descumprir orientações durante a pandemia. Embora os funcionários da instituição tenham conseguido o direito de ministrar aulas online durante a pandemia, o colégio os obrigava a ir presencialmente para cumprir tarefas como as de abrir portas e janelas.

No Brasil há 14 colégios militares como o de Belo Horizonte, em cidades como Brasília, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio e São Paulo. A ampliação desse número é uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

 

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Relacionadas

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.