Política

Moraes prorroga a investigação da PF contra Bolsonaro por vazamento de inquérito sigiloso

A decisão, que estende a apuração por 60 dias, atende a pedido da própria corporação; o ex-capitão divulgou fake news sobre as eleições

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Foto: Agência Brasil
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, estendeu por 60 dias as investigações sobre o vazamento de documentos sigilosos da Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro.

A decisão do ministro se deu após um pedido da própria PF. A investigação teve início em agosto, após o ex-capitão divulgar na internet a íntegra de um inquérito que apurava supostos ataques ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral em 2018.

Na ocasião, Bolsonaro distorceu informações a fim de insinuar uma vulnerabilidade nas urnas eletrônicas. Como o próprio TSE explicou reiteradamente, trata-se de uma notícia falsa publicada pelo presidente.

Dias após a divulgação do inquérito por Bolsonaro, Moraes atendeu a um pedido do TSE e determinou a abertura de uma investigação pela PF.

Na decisão, o magistrado considera que os dados “jamais poderiam ser divulgados sem a devida autorização judicial” e que “sem a existência de qualquer justa causa, o sigilo dos autos foi levantado e teve o seu conteúdo parcialmente divulgado pelo presidente da República”.

Essa conduta, segundo Moraes, pode configurar crime de divulgação de segredo com potencial prejuízo para a administração pública, previsto no Artigo 153 no Código Penal.

O ministro destaca que a tentativa de Bolsonaro seria a de “expandir a narrativa fraudulenta que se estabelece contra o processo eleitoral brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo, atribuindo-lhe, sem quaisquer provas ou indícios, caráter duvidoso acerca de sua lisura”.

“Revela-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente no que diz respeito à divulgação de inquérito sigiloso, que contribui para a disseminação das notícias fraudulentas sobre as condutas dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e contra o sistema de votação no Brasil”.

Além de Bolsonaro, tornaram-se alvos da investigação o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) e o delegado da Polícia Federal Victor Neves Feitosa Campo. A apuração ocorre no âmbito do Inquérito das Fake News, do qual Moraes é relator.

Em 4 de agosto, Moraes já havia incluído Bolsonaro no inquérito, também a pedido do TSE, por ocasião de uma live de julho em que o presidente prometeu revelar provas de fraude no sistema eleitoral brasileiro, mas se utilizou de fake news requentadas e rebatidas em tempo real pelo tribunal eleitoral.

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