Economia

Crise do emprego na América Latina pode se prolongar até 2024, adverte OIT

Dos 49 milhões de empregos perdidos no pior momento da crise pandêmica, no segundo trimestre de 2020, cerca de 4,5 milhões precisam ser recuperados

Fila de mutirão de empregos em São Paulo (Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil)
Apoie Siga-nos no

A “crise do emprego” na América Latina e no Caribe causada pela pandemia pode se prolongar até 2023 ou 2024, advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta terça-feira.

“O panorama trabalhista é incerto, a persistência das infecções devido à pandemia e a perspectiva de crescimento econômico medíocre este ano podem se prolongar”, disse o diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinicius Pinheiro, ao apresentar o relatório anual.

“Uma crise de emprego muito longa é preocupante, porque gera desânimo e frustração, o que, por sua vez, afeta a estabilidade social e a governança”, acrescentou o representante da OIT, que tem sede regional em Lima.

Apesar da recuperação econômica em 2021, ano em que a região cresceu mais de 6%, nem todos os empregos perdidos pela pandemia foram recuperados, ressaltou a OITDos 49 milhões de empregos perdidos no pior momento da crise pandêmica, no segundo trimestre de 2020, cerca de 4,5 milhões precisam ser recuperados.

“Ao começar 2022, estima-se existam no total 28 milhões de pessoas procurando uma ocupação”, destaca o relatório regional da OIT. “Cerca de 4 milhões correspondem a pessoas que se juntaram às fileiras do desemprego devido à crise da pandemia”, acrescenta.

A taxa de desemprego regional de 9,6% no fim de 2021 “representa uma melhora face aos 10,6% de 2020, mas um retrocesso frente aos 8% registados em 2019, que, neste caso, usa-se como referência para calcular o impacto de dois anos de pandemia”, explicou o órgão da ONU.

‘Comorbidades sociais’

Segundo a OIT, a previsão de crescimento da América Latina de pouco mais de 2% para este ano “é um sinal claro de que a região levará mais tempo para sair da crise da Covid-19”. O desemprego poderia cair este ano entre 0,2 ou 0,3 ponto percentual, mantendo-se acima de 9%, o que “seria insuficiente para regressar” à situação de 2019, ano em que “a situação do mercado de trabalho estava longe de ser positiva”.

“Na América Latina e no Caribe, a pandemia teve um impacto mais severo, devido a ‘comorbidades sociais’ como a informalidade e desigualdade”, explicou Pinheiro.

Mulheres

A OIT destacou que a taxa de desemprego entre as mulheres se mantém em 12,4% desde 2020 na região, o que significa que não houve melhora em 2021, o que contribui para ampliar a desigualdade de gênero no trabalho.

“Sem um conjunto de medidas coerentes para a geração de empregos, os impactos da crise irão se prolongar e deixar cicatrizes sociais e trabalhistas profundas na região”, advertiu a especialista em economia do trabalho Roxana Maurizio, que apresentou o relatório juntamente com Pinheiro.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo