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Feliciano apaga elogio a filme de Gentili, acusado de apologia à pedofilia
O deputado, que também é pastor, alega que não se recorda da cena, que virou assunto nas redes sociais nesta segunda-feira e foi elogiada por ele em 2017
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O deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) apagou nesta segunda-feira 14 um tweet em que aparecia ao lado do cartaz do filme Como se tornar o pior aluno da escola (2017), do humorista Danilo Gentili. A produção, que entrou nesta semana no catálogo da Netflix, é acusada de fazer apologia à pedofilia em uma das cenas e foi elogiada por Feliciano na época do seu lançamento.
O deputado, que também é pastor, alega que não se recorda da cena, que virou assunto nas redes sociais nesta segunda-feira. Segundo publicou em seu perfil, ele ‘pode ter saído para atender o telefone’ no exato momento em que a cena foi exibida no filme.
“Comunico que apaguei o tuíte de 2017 onde elogiei o filme do Danilo Gentili. Confesso que não me recordo da cena que faz apologia à pedofilia, devo ter saído para atender telefone”, justifica o pastor e deputado em suas redes sociais.
Na ocasião, quando Danilo Gentili ainda era um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), o filme foi elogiado por Feliciano. “Há tempos não ria tanto”, disse o parlamentar em novembro daquele ano.
Além de Feliciano, Gentili foi defendido em mais de uma ocasião pela ala bolsonarista, inclusive pelo próprio presidente, mesmo após o filme ter sido exibido nos cinemas. Enquanto o humorista esteve ao lado do ex-capitão, a produção nunca foi considerada problemática pelos aliados de Bolsonaro.
Na publicação desta segunda, Feliciano diz ainda que, ao lado de Magno Malta e do deputado Sóstenes Cavalcante (União Brasil-RJ), líder da bancada evangélica na Câmara, irá fazer uma ‘ação coordenada’ contra a produção.
“Falei com o presidente da Frente Evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante, e com o senador Magno Malta, que é autoridade no assunto pedofilia, também com juristas de peso e juntos faremos uma ação coordenada”, escreveu Feliciano.
Mais cedo, dezenas de bolsonaristas postaram mensagens contra a cena do filme de Gentili. O ministro da Justiça, Anderson Torres, cobrou ‘providências’ contra a produção. Mario Frias, secretário nacional de Cultura, também fez uma série de postagens contra o filme. Segundo seu perfil oficial no Twitter, ‘tomara as medidas cabíveis’ contra Gentili.
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