Política

Em evento com Lula, Paulinho diz que pedir revogação da Reforma Trabalhista é ‘besteira’

Segundo o presidente do Solidariedade, se Lula for eleito, leis trabalhistas serão ‘resolvidas’ no Congresso em ‘apenas dois meses, sem dificuldades’

Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Ao anunciar o apoio do Solidariedade à candidatura do ex-presidente Lula (PT) nesta terça-feira 3, o presidente do partido, o deputado Paulinho da Força, afirmou que a campanha do petista erra ao tratar abertamente da revogação da Reforma Trabalhista. Segundo ele, o tema não precisaria ser abordado neste momento, por gerar animosidade de alguns setores, e deveria ser encarado depois das eleições pelo Congresso Nacional.

“Acho que essa aliança aqui poderia ser muito maior. Acho que temos perdido tempo com algumas coisas. É uma vaia dali, uma internacional [socialista] daqui, reforma trabalhista…Até brinquei com Marcelo Ramos: esquece esse negócio de Reforma Trabalhista, você ganha a eleição e eu e o Marcelo resolvemos isso em dois meses”, disse Paulinho, que recentemente foi vaiado em evento do PT com sindicalistas.

Isso [falar em revogar a Reforma Trabalhista] é besteira, só joga água contra o nosso moinho. Nós sabemos fazer, a Gleisi também sabe. Você ganha a eleição e até abril do ano que vem nós resolvemos a questão dos trabalhadores no Brasil, na boa.”

Lula, em sua participação no evento, respondeu às declarações de Paulinho alertando que o deputado estaria ‘vendendo muita facilidade’, quando na verdade será difícil aprovar projetos no Congresso caso a esquerda não consiga eleger uma maioria na Câmara e no Senado.

“Quero agradecer o apoio, mas quero dizer que não é tão fácil assim mudar as coisas. Você vendeu muita facilidade ao dizer que você, a Gleisi e o Marcelo Ramos, quando forem eleitos, vão mudar as coisas”, devolveu Lula. “Mas você sabe que o jogo não é assim, que o jogo de interesses é pesado. Se a gente eleger uma maioria de deputados que pensam contrário do que você pensa, não anda.”

Em diferentes ocasiões, Lula disse defender uma espécie de revisão ou modernização das leis. Ao se referir ao tema, ele costuma dizer que não quer ‘voltar para 1943’, ano de criação da CLT, mas criar um novo regramento que seja condizente com o atual mercado de trabalho, em especial no que diz respeito aos trabalhadores por aplicativo.

“Vamos ter que sentar em uma mesa e regulamentar a vida de quem trabalha com aplicativo. Eles não podem ser tratados como escravos, têm que ter direitos a plano de saúde, assistência social, assistência médica e seguro quando baterem no seu carro e na sua moto e, acima de tudo, descanso remunerado, porque a escravidão acabou”, explicou Lula em evento no domingo 1º de maio, Dia dos Trabalhadores.

No evento do Solidariedade nesta terça, Lula voltou a dedicar parte do discurso aos trabalhadores deste segmento. Logo após responder Paulinho, o ex-presidente disse que terão de encontrar uma solução para esses brasileiros.

“A gente não pode aceitar a ideia de que o cara que trabalha entregando comida é um empreendedor. Não. Ele está sendo transformado em um escravo. Ele trabalha carregando comida nas costas sem ter o que comer, ele não tem descanso remunerado e não tem férias. Que empreendedor é esse?”

Em seguida, Lula citou o exemplo de Araraquara (SP), onde a prefeitura administra seu próprio aplicativo de caronas, passando 90% dos lucros aos motoristas e retendo apenas 10% para si. A solução contrasta com a divisão praticada pelos grandes players do ramo, que chegam a até 60% das corridas realizadas em alguns casos.

“Quem sabe essa [criar um aplicativo público] seja uma saída para milhões e milhões de pessoas deste País”, completou Lula.

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