Justiça

Kassio Nunes suspende cassação de deputado bolsonarista por propagação de fake news

O TSE condenou, em 2021, Fernando Francischini por divulgar desinformação sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral

O ministro Kassio Nunes Marques, do STF. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Apoie Siga-nos no

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu nesta quinta-feira 2 uma decisão colegiada do Tribunal Superior Eleitoral que cassou o mandato do deputado estadual bolsonarista Fernando Fracischini (União Brasil-PR).

O aliado de Jair Bolsonaro (PL) foi cassado no ano passado por propagação de fake news sobre as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral em 2018.

A Corte também optou pela inelegibilidade de Fracischini por oito anos, contados a partir das últimas eleições – ou seja, até 2026.

O deputado estadual transmitiu uma live pelas redes sociais no dia das eleições em 2018 alegando que os equipamentos não estariam registrando os votos corretamente. Ele foi eleito com 427 mil votos.

No julgamento de Francischini, o TSE indicou a necessidade de aplicar um tratamento semelhante às redes sociais e aos demais meios de comunicação, como emissoras de TV e de rádio e jornais.

Segundo Kassio Nunes, indicado ao STF por Bolsonaro, “é claramente desproporcional e inadequado, com a devida vênia, por uma simples analogia judicial — aliás com eficácia retroativa—equiparar a internet aos demais meios de comunicação”.

O magistrado também mencionou em sua decisão “a preeminência atribuída pela Constituição de 1988
à livre circulação de pensamentos, opiniões e críticas com vistas ao fortalecimento do Estado Democrático de Direito e à pluralização do ambiente eleitoral, cabendo à Justiça Eleitoral intervenção mínima, em primazia à liberdade de expressão”.

No TSE, em outubro de 2021, o relator, Luís Felipe Salomão, defendeu a cassação e a inelegibilidade do “Delegado Francischini” e recebeu o endosso dos ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Mauro Campbell e Sérgio Banhos.

O ministro Carlos Horbach abriu divergência e argumentou que não há provas de que os atos do deputado tenham influenciado a eleição.

Em seu voto, Salomão ressaltou que um vídeo promovido por Francischini teve 6 milhões de visualizações. “Me chamou a atenção que eram denúncias absolutamente falsas, manipuladoras. Levou a erro milhões de eleitores.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo