Política

De ‘ladrão’ a ‘indigno’: relembre acusações de Moro a Bolsonaro, seu aliado no 2º turno

O presidente escalou o senador eleito como seu assessor no debate promovido pela TV Band no domingo 16

Foto: Nelson Almeida/AFP
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O presidente Jair Bolsonaro escalou o ex-juiz Sergio Moro para acompanhá-lo no debate presidencial promovido pela TV Band no domingo 16. Trata-se da conclusão de uma reviravolta na trajetória do senador eleito pelo União Brasil no Paraná.

Moro, como magistrado, abriu caminho para a retirada de Lula (PT) da disputa pela Presidência em 2018, ao condená-lo no âmbito da Lava Jato – a sentença seria, anos depois, anulada pelo Supremo Tribunal Federal e Moro teria sua suspeição reconhecida pela Corte.

Após a vitória de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT), o ex-juiz serviu ao governo como ministro da Justiça e da Segurança Pública até abril de 2020, quando pediu exoneração e acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal.

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. E realmente não é o papel da Polícia Federal prestar esse tipo de informação”, disse Moro em abril de 2020.

À época, o ex-juiz também declarou que Bolsonaro teria informado “que tinha preocupação com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal e que a troca também seria oportuna da Polícia Federal por esse motivo”.

Recentemente, Moro tem repetido que Lula mente, especialmente sobre supostos episódios de corrupção. Ao mesmo tempo, parece ter mudado de ideia sobre o que via como mentiras de Bolsonaro.

“Bolsonaro enfim admitiu ontem que nunca defendeu o combate à corrupção e a Lava Jato. Era só mais um discurso do seu estelionato eleitoral”, diz uma mensagem publicada por Moro nas redes sociais em janeiro deste ano.

Não foi a única afirmação do tipo. Três meses depois, novamente nas redes, Moro escreveu: “Assim como Lula, Bolsonaro mente. Nada do que ele fala deve ser levado a sério. Mentiu que era a favor da Lava Jato, mentiu que era contra o Centrão, mentiu sobre vacinas, mentiu sobre a Anvisa e o Barra Torres e agora mente sobre mim. Não é digno da Presidência”.

Escândalos da carreira política de Bolsonaro também entraram na mira de Moro em determinados momentos. “Sério que, entre um ladrão de um lado e um ladrão do outro, a culpa é do juiz? Entre o petrolão e a rachadinha, não há escolha possível. Precisamos, sim, reformar nosso sistema de justiça para que casos de corrupção não fiquem impunes”, publicou, mais uma vez nas redes, em fevereiro deste ano.

Parte considerável das declarações contra Bolsonaro ocorreram no período em que Moro tentou se cacifar para concorrer à Presidência da República. Em abril, deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil, mas foi colocado de lado na disputa nacional. Após o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo barrar sua tentativa de concorrer a senador em São Paulo, voltou ao Paraná, lançou-se ao Senado e venceu.

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