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Rússia bombardeia Kiev e outras grandes cidades da Ucrânia

A presidência ucraniana afirmou que a situação da rede elétrica em todo o país é ‘crítica’

Foto: AFP
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A Rússia disparou uma série de mísseis contra Kiev e outras cidades ucranianas nesta terça-feira(15), deixando metade da população da capital sem energia, poucos dias depois da humilhante retirada das forças de Moscou do sul do país.

Segundo o exército ucraniano, a Rússia lançou uma centena de mísseis, “do Mar Cáspio”, da “região [russa] de Rostov” e “do Mar Negro”, principalmente “contra infraestruturas energéticas”.

A presidência ucraniana afirmou que a situação da rede elétrica em todo o país é “crítica”.

Em Kiev, os ataques deixaram pelo menos um morto e privaram “metade” dos habitantes de eletricidade, disse o prefeito, Vitali Klitschko, no Telegram.

Sirenes antiaéreas soaram em toda a Ucrânia pouco antes das 15h30 (10h30 em Brasília). Minutos depois, explosões foram ouvidas em Kiev, Lviv (oeste) e Kharkiv (nordeste).

Um funcionário da administração presidencial ucraniana divulgou um vídeo mostrando um prédio de cinco andares em chamas.

No nordeste, houve “um ataque com mísseis no distrito Industrialniy de Kharkiv”, disse Igor Terekhov, prefeito da segunda maior cidade da Ucrânia.

No oeste, explosões foram ouvidas em Lviv. “Que todos fiquem seguros”, pediu o prefeito, Andriy Sadovi, no Telegram, acrescentando que “parte da cidade (estava) sem eletricidade”.

Os últimos bombardeios contra a capital ucraniana datam de 10 e 17 de outubro e tiveram como alvo a infraestrutura de energia no início do inverno.

O Kremlin alegou então que se tratava de uma retaliação pela destruição parcial da ponte que ligava a Rússia à península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Retirada russa

Estes ataques ocorreram quatro dias após a humilhante retirada das forças russas da região de Kherson, incluindo a capital regional de mesmo nome, após quase nove meses de ocupação.

O Kremlin foi forçado a se retirar por uma contraofensiva ucraniana, apoiada pelo fornecimento de armas ocidentais.

A Rússia já teve que se retirar do norte do país há alguns meses e depois do nordeste, em setembro.

Após a libertação de Kherson, na margem ocidental do Dnieper, a contraofensiva concentrou os seus ataques em Nova Kakhovka, na margem oriental, com fogo de “artilharia pesada e morteiros”, segundo a administração da ocupação russa. ]

“A vida na cidade tornou-se perigosa”, acrescentou, assegurando que “milhares” de residentes partiram.

Apelo ao G20

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu que a cúpula do G20, potências industrializadas e emergentes reunidas em Bali, se pronuncie sobre os atentados russos.

“Edifícios habitacionais e instalações de infraestrutura de energia foram impactados. Estamos esperando uma reação baseada em princípios da cúpula do G20”, tuitou Kuleba.

O apelo foi logo apoiado pela Presidência dos EUA, que tinha como alvo o presidente russo, Vladimir Putin.

“A Rússia está mais uma vez ameaçando essas vidas e destruindo a infraestrutura crítica da Ucrânia. Esses ataques russos servirão apenas para aprofundar a preocupação entre o G20 sobre o impacto desestabilizador da guerra de Putin”, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, que representou seu país na reunião do G20, acusou a Ucrânia de impedir as negociações de paz ao exigir que as tropas russas deixem todo o território, onde a Rússia controla grandes porções do leste, em grande parte de falantes de russo, há oito anos.

“Todos os problemas vêm do lado ucraniano, que rejeita categoricamente as negociações e avança com demandas manifestamente irrealistas”, afirmou.

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