Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Augusto Diniz | Música brasileira

‘A gente vislumbra um novo recomeço’, diz Almério, atração do Festival do Futuro

Artista participa da festa da posse de Lula e conta sobre o disco que fez sobre Cazuza: ‘Poesia atual. Ele não nos abandonou’

Foto: José de Holanda/Divulgação
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Foi em Altinho, pequena cidade no agreste pernambucano, onde o cantor Almério começou a ter contato com a música e recebeu as suas primeiras influências. Não parou por aí. Mais tarde, juntou-se ao Reverbo, movimento no Recife que conta com músicos da capital e também do interior do estado.

A movimentação, como preferem chamar, é talvez o mais importante agrupamento musical de cantores e compositores dos últimos tempos no País.

O artista fez parceria com Martins, que também integra o Reverbo, e lançou neste ano um registro ao vivo em um teatro do Recife, mostrando uma das faces talentosas dos músicos que integram o movimento.

“Fazer um disco com Martins tem um sabor de casa, de amizade, com um artista contemporâneo a você e que tem um vínculo afetivo muito forte”, diz Almério. “Viemos da mesma movimentação, da mesma mostra de música”. 

O álbum revela a forte cumplicidade de ambos. “Reverbo é uma movimentação porque tem sentido de um rio fluindo. Por onde um rio passa ele refloresta”, acrescenta Almério. “Reverbo tem essa força do rio”. 

A mostra conta hoje com 29 artistas, ”uma salada sonora, que contempla muitas esferas”. Para o músico, “a maioria dos movimentos artísticos esquece de olhar para interior”. 

O Reverbo é capitaneado por Juliano Holanda e Mery Lemos e entre os artistas envolvidos no projeto, além de Almério e Martins, estão Flaira Ferro, Gean Ramos, Una Martins, Marcello Rangel, Igor de Carvalho, Gabi da Pele Preta, Revoredo, Vinícius Barros e Álefe Passarim. 

Antes do trabalho com Martins, Almério lançou registro fonográfico em 2014, em 2017 – o ótimo Desempena -, em 2019 a partir um show com a cantora Mariene de Castro e em 2021 sobre a obra de Cazuza.

“Muita responsabilidade cantar Cazuza”, diz. “A obra dele me enche de coragem até hoje. E essa coragem quero dizer para as pessoas”. 

Para Almério, Cazuza escrevia a verdade do artista. “Essa música dele, tão forte, transformou a vida de um menino agrestino”, afirma. “Discurso super atual. Nesses últimos quatro anos, quando a gente viveu um terror, a poesia de Cazuza nos representava. Ele não nos abandonou”. 

1º de janeiro

Almério vai participar do Festival do Futuro, que será realizado em Brasília no dia da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro. Além do Almério, sobem ao palco o BaianaSystem de Russo Passapusso, Fernanda Takai, Fernanda Abreu, Jards Macalé, Johnny Hooker, Kaê Guajajara, Lirinha do Cordel do Fogo Encantado, Leoni, a nova Ministra da Cultura Margareth Menezes, Maria Rita, Odair José, Otto, Paulo Miklos, Tereza Cristina,  Tulipa Ruiz, entre outros. 

O músico se diz honrado de estar com tanta gente que é referência. “Mais feliz ainda de estar do lado certo da história, neste momento de retomada”, afirma. “É muito bom subir naquele palco sabendo que a gente vislumbra um novo recomeço. Isso está me enchendo de amor, de leveza. A gente está pronto até para abraçar quem está beijando muro militar”.

O cantor e compositor pernambucano pretende lançar álbum autoral e inédito em abril com o nome de Nesse Exato Momento: “Tem as dores e alegrias do agora”. 

Assista a entrevista de Almério a CartaCapital na íntegra:

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