Sociedade

Idoso é preso por racismo após se negar a ser atendido por delegado negro no Acre

O caso ocorreu dentro de uma delegacia em Rio Branco; o homem passou por audiência de custódia e teve liberdade provisória concedida

Créditos: Arquivo pessoal e Asscom/Polícia Civil
Apoie Siga-nos no

Um idoso de 69 anos foi preso por racismo na última terça-feira 3 dentro da Delegacia de Polícia Civil da 2ª Regional, em Rio Branco (AC), após se negar a ser atendido por um delegado negro.

Raimundo Rufino se dirigiu até a DP para registrar uma ocorrência contra uma vizinha e foi recebido pelo delegado Samuel Mendes. O idoso, então, rejeitou prosseguir com a demanda e disse que gostaria de um delegado branco.

“Pedi para ele me acompanhar e, quando foi para entrar no gabinete, ele parou, olhou para dentro e perguntou: ‘mas cadê o delegado?’. Eu falei que era o delegado e iria prestar o atendimento. Ele disse: ‘não, quero um delegado branco’. Falei que eu era o delegado que fazia o atendimento ali, mas ele repetiu: ‘não, quero ser atendido por um delegado branco’. Não entrou no gabinete e ficou parado na porta”, relatou Mendes ao G1.

Ele contou ainda que após a ordem prisão, o idoso tentou fugir da situação alegando não se lembrar do que havia dito. O homem foi conduzido até a Delegacia de Flagrantes e autuado pelo crime de racismo, previsto no artigo 20 da Lei 7.716/1989.

Após audiência de custódia na quarta-feira 4, a juíza de direito Andréa da Silva Brito concedeu a liberdade provisória a Rufino. Um relatório psicológico informa que o idoso faz tratamento para transtorno mental, sofre de depressão e passa por acompanhamento psiquiátrico. A determinação foi de medida cautelar de comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades e comprovação de residência fixa.

O homem fica obrigado a comparecer pelo prazo de 180 dias ou até a prolação da sentença à Central Integrada de Alternativas Penais, responsável por fiscalizar o cumprimento das cautelares e acompanhar as atividades do indiciado. Em caso de descumprimento da norma, a prisão preventiva pode ser decretada.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo