Política
Ex-comandante da PM diz que Exército recusou acabar com acampamento bolsonarista no DF
Fabio Augusto Vieira afirma que PM tentou desmobilizar estrutura por duas vezes
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O ex-comandante da Polícia Militar (PM) do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira, que foi preso após os atos terroristas do dia 8 de janeiro, declarou em depoimento à Polícia Federal que o Exército recusou tentativas de desmobilização do acampamento em frente ao Quartel General em Brasília e vetou prisões no local na noite daquele domingo 8.
O agente ainda disse que os informes das áreas de inteligência que ele recebeu não indicavam a radicalização do movimento que depredou os prédios do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF). Vieira também criticou a atuação de outras forças policiais e reconheceu que os efetivos destacados para o dia eram insuficientes.
Vieira disse que o Exército impediu a ação da PM para a desmobilização do acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estavam na frente do QG do Exército desde o resultado da eleição.
O ex-comandante relatou que após retomar o controle dos prédios públicos, a PM foi tentar realizar prisões de quem estava no acampamento, mas que a iniciativa foi vetada e que “foi marcada uma reunião em frente à Catedral Rainha da Paz, e o Exército já estava mobilizado para não permitir a entrada da Polícia Militar”.
Em relação às tentativas de desmontar o acampamento, o ex-comandante afirmou que isso não ocorreu antes por negativa do Exército, que dizia estar desmobilizando aos poucos o local.
Vieira relatou que após os episódios de 12 dezembro, quando vândalos protestavam contra a prisão indígena José Acácio Serere Xavante e queimaram ônibus e carros em Brasília, os policiais militares “por duas vezes tentaram fazer essa desmobilização dos acampamentos, mas não obtiveram êxito por solicitação do próprio Exército”.
O depoimento diz que a PM chegou a mobilizar 500 agentes, mas o Exército disse que faria a desmobilização usando seus próprios meios. Na avaliação de Vieira, “a permanência do acampamento contribuiu muito para o ocorrido no dia 08/01/2023”.
O ex-comandante acrescentou que “havia uma informação de inteligência das diversas agências, que os ânimos dos manifestantes seriam pacíficos” e que o chamado para o movimento era grande, mas a adesão, não. Por isso, o quantitativo de policiais destacados não foi suficiente.
Vieira relatou que dias antes dos atos terroristas, a expectativa era de empregar 440 homens e que ele sugeriu ampliar o número. Ele declarou não saber quanto homens trabalhavam antes do confronto, mas após “já estavam trabalhando cerca de 2.600 policias militares que fizeram o restabelecimento da ordem e a desocupação dos prédios e após a guarda”.
O ex-comandante também criticou a atuação de outras forças policiais, como os agentes do Legislativo, e o Exército.
(Com informações da agência O GLOBO)
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