João Bosco Monte

Presidente do Instituto Brasil África

Opinião

O que esperar de Dilma Rousseff no Banco dos Brics

Até julho de 2025, a nova comandante do NDB terá a oportunidade de ampliar a inserção internacional do banco, mas terá grandes desafios

A ex-presidenta Dilma Rousseff em seus primeiros dias de trabalho no Banco dos Brics. Foto: Divulgação/NDB
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Dilma Rousseff durante a VI Cúpula dos Brics, realizada em Fortaleza em agosto de 2014, foi protagonista ao lado de Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Jacob Zuma do lançamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, sigla em inglês), que passou a ser conhecido como o Banco dos Brics.

Na Declaração de Fortaleza, os chefes de governo de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul anunciaram o acordo constitutivo do NDB, cujo objetivo seria mobilizar recursos para projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países do Brics e em outras economias de mercado em expansão e países emergentes, complementando os esforços existentes de instituições financeiras multilaterais e regionais para o crescimento e o desenvolvimento global.

Agora, quase uma década depois, Dilma Rousseff volta a ser protagonista internacional como presidente do NDB, com sede em Xangai, assumindo um papel importante e desafiador, uma vez que os países que formam o bloco, bem como outras economias de mercados emergentes e nações em desenvolvimento, continuam a enfrentar restrições de financiamento para lidar com lacunas de infraestrutura.

Dilma, com sua experiencia política, ascende a uma posição de destaque e relevância mundial, como chefe de uma instituição que em sua essência defende a crescente influência econômica dos países do Brics e uma mudança significativa no cenário financeiro global, como alternativa ao domínio americano e europeu.

Até julho de 2025, a nova comandante do NDB terá a oportunidade de ampliar a inserção internacional do banco, mas terá dois grandes desafios: impulsionar projetos relacionados ao meio ambiente, cujo sucesso depende da disposição da China e da Rússia em financiar tais iniciativas, e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais contra a Rússia, inclusive com a suspensão dos direitos de empréstimos de Moscou (após 15 empréstimos anteriores) no início de 2022.

É importante evidenciar que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sinalizado sua intenção de reposicionar o Brasil como um ator de relevo nos organismos multilaterais e, certamente, sua decisão de bancar o nome de Dilma à frente do NDB é um claro sinal do esforço do governo de fortalecer o espaço do banco na América Latina e destacar o Brasil como uma potência econômica regional e influente.

Por outro lado, o NDB sob o comando de Dilma Rousseff pode ser um bom aliado do Brasil e de Lula na ampliação dos laços com a China, para parcerias estratégicas e acesso à iniciativa One Belt, One Road e, também, com a África do Sul para o incremento das oportunidades no continente africano oferecidas pela Área de Livre Comércio Continental Africana.

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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