Mundo
‘Com todo o respeito, não precisamos de mediadores’, diz Zelensky após reunião com o Papa
O presidente da Ucrânia afirmou ter ‘exortado o Papa, tal como outros líderes, a trabalhar para uma paz justa’
O Papa Francisco e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se reuniram no sábado 13, no Vaticano. O encontro marcou a primeira reunião pessoal entre os dois desde o início da guerra deflagrada pela Rússia.
Em um comunicado divulgado após a reunião, o Vaticano explicou que a agenda durou cerca de 40 minutos e que “os temas da conversa se referem à situação humanitária e política na Ucrânia provocada pela guerra em curso”.
“O Papa tem assegurado suas constantes orações, testemunhadas por seus muitos apelos públicos e contínua invocação ao Senhor pela paz, desde fevereiro do ano passado”, diz o texto. Além disso, “ambos concordaram sobre a necessidade de continuar os esforços humanitários em apoio à população.
No mesmo dia, o presidente ucraniano teve reuniões com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente do país, Sergio Mattarella.
No Vaticano, o Papa deu a Zelensky uma obra de bronze representando um ramo de oliveira, símbolo da paz, assim como a Mensagem pela Paz deste ano, o Documento sobre a Fraternidade Humana e o volume Uma Encíclica sobre a Paz na Ucrânia.
O presidente ucraniano, por sua vez, presenteou-o com uma obra de arte feita com um colete à prova de balas e uma pintura intitulada Perda, sobre o assassinato de crianças durante o conflito.
Depois do encontro, Zelensky agradeceu pela “atenção pessoal do Papa à “tragédia de milhões de ucranianos” e disse ter proposto a Francisco “que ele apoie uma proposta ucraniana para a paz. “Além disso, pedi para [o Papa] condenar os crimes russos na Ucrânia. Porque não pode haver igualdade entre a vítima e o agressor”, escreveu o líder ucraniano no Twitter.
Ainda no sábado, Zelensky, questionado sobre o eventual papel do Papa em uma mediação com a Rússia, disse à televisão italiana RAI que respeita Francisco, mas que a Ucrânia não precisa de mediadores. “Com todo o respeito por Sua Santidade, não precisamos de mediadores, precisamos de uma paz justa.”
“Exortamos o Papa, tal como outros líderes, a trabalhar para uma paz justa, mas primeiro temos de fazer todo o resto”, disse. “Não se pode fazer mediação com [Vladimir] Putin. Nenhum país do mundo pode fazê-lo.”
Neste domingo 14, Zelensky também faz sua primeira visita à Alemanha desde o início da guerra. A viagem ocorre um dia depois de o país anunciar um novo plano de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 2,7 bilhões de euros.
(Com informações da Deutsche Welle)
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.