Política

Deltan diz ter viajado aos EUA para ‘relatar arbitrariedades’ no Brasil

A agenda em um thin tank cristão ocorre após derrotas do ex-procurador no TSE e no STJ

O deputado federal cassado Deltan Dallagnol. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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O ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirmou na noite desta segunda-feira 19 ter viajado aos Estados Unidos para “falar um pouco sobre os desafios enfrentados no Brasil” e “relatar as arbitrariedades que vivemos e os riscos que nossa democracia corre”. Ele embarcou no domingo 18.

Em vídeo, ele negou ter “fugido” do País e declarou que retornará em 24 de junho. Deltan disse, ainda, ter sido convidado a participar de uma conferência da Acton University, definida por ele como “o maior think tank cristão do mundo”.

O evento começou nesta segunda e se estenderá até a quinta 22. A instituição define a conferência como uma agenda “dedicada a conectar princípios morais e religiosos à liberdade econômica e pessoal”.

A viagem de Deltan ocorre uma semana após ele dizer ter recebido “presentes de Deus”, em referência às transferências via Pix que estariam chegando à sua conta bancária.

As supostas doações teriam acontecido após a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça estabelecer a continuidade de um procedimento aberto pelo Tribunal de Contas da União para investigar possíveis irregularidades nas diárias e nas passagens utilizadas pela força-tarefa de Curitiba da Lava Jato.

Assim, estão válidas, também, as condenações impostas pelo TCU no âmbito do processo. Em 2022, a 2ª Câmara do Tribunal condenou Deltan e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot pela “prática de atos antieconômicos, ilegais e ilegítimos, consubstanciados em condutas que, em tese, podem caracterizar atos dolosos de improbidade administrativa”. Também os condenou “solidariamente a ressarcimento ao erário de 2,83 milhões de reais.”

Já o mandato de Deltan Dallagnol na Câmara dos Deputados foi cassado a partir de uma decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral. Segundo a Corte, uma “manobra” do ex-procurador para deixar o Ministério Público Federal e se candidatar ao Legislativo “impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite no CNMP em seu desfavor viessem a gerar processos administrativos disciplinares, que poderiam ensejar pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo”.

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