Política

Faraó dos Bitcoins depõe a CPI, culpa a PF por dívida e diz que devolverá o dinheiro

Glaidson Acácio está preso desde 2018, acusado de operar um esquema de pirâmide que movimentou cerca de 38 bilhões de reais

Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
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Conhecido como Faraó dos Bitcoins, o empresário Glaidson Acácio dos Santos culpou a Polícia Federal pelo prejuízo causado aos investidores em criptomoedas. Ele prestou depoimento nesta quarta-feira 12 à CPI que investiga um esquema fraudulento de pirâmide envolvendo as moedas virtuais.

“Pessoas se suicidaram, pessoas deixaram de pagar seus tratamentos médicos, tudo por causa da paralisação pela Polícia Federal que causou essa catástrofe, esse desastre”, disse.

Acácio está preso desde agosto de 2018, acusado de operar um esquema de pirâmide que movimentou cerca de 38 bilhões de reais por meio de pessoas físicas e jurídicas no Brasil e no exterior. Os investidores faziam aportes financeiros com base na promessa de remuneração de 10% ao mês, o que não aconteceu.

“Eu vou devolver o dinheiro das pessoas, nós temos o dinheiro das pessoas, estão bloqueados… Uma parte com a Polícia Federal, que é uma grande parte, as outras partes estão nas plataformas”, acrescentou à CPI. “Nós temos o recurso e iremos pagar às pessoas.”

Bitcoins são criptomoedas, uma espécie de dinheiro digital, que não são emitidas por nenhum governo e podem ser negociadas sem intermediários.

Durante o depoimento à CPI, Acácio ainda negou ter praticado pirâmide financeira, se recusou a explicar como funcionava o esquema e evitou fornecer algumas informações aos parlamentares. Entre os esclarecimentos omitidos estão:

  • o total bloqueado de suas contas pela Justiça brasileira;
  • o número de clientes com os quais a GAS Consultoria & Tecnologia, da qual ele é sócio, tem pendência;
  • o montante arrecadado pela empresa desde sua fundação;
  • os países nos quais Acácio possui contas bancárias; e
  • as principais empresas de intermediação de pagamento.

Acácio ainda foi questionado pelos deputados sobre a suposta contratação de serviços da GAS por igrejas. Ele negou que instituições religiosas tenham terceirizado o serviço de sua empresa, mas afirmou que, “se pastores ou bispos terceirizaram meus serviços, foi por livre e espontânea vontade”.

O Faraó dos Bitcoins ainda chegou a bater boca com alguns parlamentares. A discussão começou após os deputados Zé Haroldo Cathedral (PSD-RR) e Julio Lopes (PP-RJ) afirmarem que o depoente estava mentindo. Ele tentou interromper os discursos e subiu o tom. “O senhor está equivocado, senhor deputado. Não sou criminoso, senhor deputado. O senhor me respeite. Porque não estou ofendendo a sua pessoa”, afirmou.

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