Política

CPMI do 8 de Janeiro: ex-diretor da Abin depõe nesta terça sobre alertas da agência e relatórios dos ataques

A convocação de Saulo Moura Cunha foi uma articulação da oposição, que aposta no depoimento como forma de emplacar a tese de omissão do governo Lula nos atos golpistas

SAULO MOURA DA CUNHA Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
Apoie Siga-nos no

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas (CPMI do 8 de Janeiro) retoma os trabalhos nesta terça-feira com o depoimento de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Responsável pela agência no início da gestão do presidente Lula (PT), Saulo deixou o cargo de diretor-adjunto em março para ser assessor de Gonçalves Dias no Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Ele deixou definitivamente o governo junto com o general, em abril, após a revelação das imagens que mostraram Dias no Planalto no dia dos ataques.

É justamente essa curta participação no governo que motivou a convocação do ex-diretor da Abin para depor. A presença de Saulo na CPMI é fruto de uma articulação da oposição. Os parlamentares apostam na oitiva como uma forma de emplacar a tese de omissão do governo Lula no dia dos atos golpistas.

A aposta é que o ex-diretor forneça explicações sobre os alertas emitidos pela Abin dias antes dos atos golpistas. Há uma tentativa de emparedar Gonçalves Dias neste caso. A suspeita é de que o ex-ministro do GSI tenha recebido e ignorado alertas de ataques. A alegação militar, porém, é que os alertas seriam imprecisos e informais, enviados por WhatsApp e não por canais oficiais de comunicação.

O parlamentares bolsonaristas miram, ainda, Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública. Uma leva de perguntas deve buscar indicações se o ministro também recebeu avisos sobre possíveis ataques.

Caberá a Saulo, portanto, indicar quais alertas foram emitidos oficialmente pela agência, por quais canais e para quais autoridades. Se apontar que o alerta foi feito, qual foi o encaminhamento dado aos avisos antecipados.

Outra leva dos questionamentos deve se concentrar no que foi produzido pela Abin após o 8 de Janeiro. A iniciativa é colher informações sobre os financiadores, incitadores e executores identificados pela agência após os ataques terroristas. Um dos documentos entregues pelo órgão à CPMI apontou, por exemplo, a participação de ruralistas e garimpeiros no financiamento dos atos. Essa parte da sessão, importante destacar, deve ser protagonizada pelos governistas. A aposta aqui é conseguir reforçar a ligação dos atos com setores do bolsonarismo e da extrema-direita.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo