Justiça
Caso Genivaldo: PRF recomenda a demissão de agentes por tortura em câmara de gás
Agora, o Ministério da Justiça deve decidir as medidas a serem adotadas com base no relatório
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A Polícia Rodoviária Federal finalizou o inquérito administrativo sobre o caso de Genivaldo Santos, morto sob tortura no porta-malas de uma viatura da corporação no interior de Sergipe, e recomendou a demissão dos agentes envolvidos na abordagem.
Enviadas ao Ministério da Justiça na quarta-feira 2, as conclusões da investigação estão sob sigilo, mas CartaCapital confirmou o teor do documento com fontes da PRF. Agora, a pasta chefiada por Flávio Dino deve decidir as medidas a serem adotadas com base no relatório.
O documento ainda solicita o afastamento de outros dois agentes por terem preenchido boletim de ocorrência sem a devida transparência ou informações relevantes sobre o caso. Os policiais Clenilson José dos Santos e Adeilton dos Santos Nunes ficarão afastados de suas atividades por 32 e 40 dias, respectivamente.
Ambos integravam a equipe de motopoliciamento tático da PRF que abordou Genivaldo às margens da BR-101, em Umbaúba, distante cerca de 100 quilômetros de Aracaju.
Diretamente envolvidos no episódio de tortura, William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento estão presos desde 14 de outubro no Presídio Militar de Sergipe.
Os três responderão pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e tortura-castigo. Somadas, as penas podem chegar a 40 anos de prisão.
No final de julho, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região impôs mais um revés à defesa dos policiais ao rejeitar a anulação do processo sob o argumento de que os peritos e o delegado que registrou a ocorrência não foram ouvidos. Na prática, a decisão abre caminho para levá-los a júri popular.
Genivaldo morreu em decorrência de asfixia e insuficiência respiratória após ser trancado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido à exposição de gás lacrimogêneo. O caso aconteceu em 25 de maio de 2022.
A vítima foi abordada pelos policiais quando estava pilotando a motocicleta da irmã sem capacete. Uma vez levado ao chão, teve as mãos algemadas e os pés amarrados com fitas. Também foi alvo de rasteira e chutes, em meio a xingamentos. Depois, Genivaldo foi imobilizado por dois agentes que colocaram os joelhos sobre seu tórax.
Já no porta-malas da viatura da PRF, ele foi obrigado a inalar gás lacrimogêneo. Nas gravações da cena, é possível ver fumaça escapando da viatura enquanto ele tentava deixar o compartimento.
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