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Quem é Christian Zurita, escolhido como substituto de candidato assassinado no Equador

O partido Construye chegou a anunciar a então vice Andrea Gonzalez como candidata, mas voltou atrás da decisão horas depois; ela retorna a condição original de vice na disputa eleitoral

Christian Zurita e sua vice Andrea Gonzalez. Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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O partido Construye anunciou, neste domingo 13, que Christian Zurita é o nome escolhido para disputar a eleição no lugar de Fernando Villavicencio, assassinado na última quarta-feira em um evento de campanha.

Zurita, assim como Villavicencio, é jornalista e chegou a atuar junto com o antigo candidato em algumas reportagens. Sua escolha como nome do partido se deu após o Construye afirmar que Andrea Gonzalez, ativista ambiental e até então vice na chapa de Villavicencio, seria a substituta. Horas depois, a decisão foi ‘revogada’. Ela segue como vice na disputa.

Pelas redes sociais, o jornalista e agora indicado ao posto de candidato disse que pretende ‘horar o legado’ de Villavicencio.

“Junto com Andrea González, trabalharemos incansavelmente para realizar seu plano de governo e tornar suas propostas realidade”, escreveu Zurita em sua publicação.

A candidatura de Zurita ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Eleitoral Nacional. As eleições, apesar da escalada de violência que culminou na morte do primeiro indicado, foram mantidas para o dia 20 de agosto.

Com o anúncio feito pouco tempo antes do debate nacional, Zurita não foi autorizado a participar do evento, fato que revoltou o novo candidato ao posto de presidente do Equador.

“Sem Fernando não tem debate”, disse Zurita, perto do local onde os demais sete candidatos expunham suas ideias. Na transmissão para a televisão, a cadeira destinada a Villavicencio estava vazia.

“Parece-nos insensível”, disse González, assegurando que o Construye enviou uma carta a “várias organizações internacionais” e observadores para que estejam atentos à democracia do Equador, que passa por um “momento muito obscuro”.

Um dirigente do CNE informou a jornalistas que a documentação de Zurita chegou minutos antes do debate, o que significa que oficialmente ele não era candidato.

Amigo

Zurita desvendou, juntamente com o amigo Villavicencio, o caso de corrupção que resultou na condenação à revelia do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) a oito anos de prisão.

Em 2011, Correa processou Zurita e o colega dele, Juan Carlos Calderón, por danos morais pela publicação de um livro que revelava contratos irregulares de seu irmão. O caso foi arquivado a pedido do ex-presidente depois que um juiz determinou que pagassem dois milhões de dólares (aproximadamente 3 milhões de reais, em cotação da época).

“Não podia permitir que seu projeto político se perdesse ante o Conselho Nacional Eleitoral por uma possível destituição de sua candidatura”, afirmou Zurita.

O novo candidato acrescentou que o projeto de Villavicencio, assassinado a tiros na quarta-feira, supostamente por pistoleiros colombianos, “está intacto”.

Envolvidos têm ficha longa

Ainda não há certeza sobre os autores intelectuais do crime. Neste domingo, a polícia assegurou que o pistoleiro que assassinou o candidato e outros seis colombianos, capturados por envolvimento com o crime, têm uma “infinidade de delitos” em seu país e no Equador.

“Foram estabelecidas diferentes coordenações através da Interpol para, desta forma, conhecer os antecedentes policiais que tinham” os supostos assassinos, disse, em coletiva de imprensa, o comandante da polícia, general Fausto Salinas.

Informações da polícia colombiana demonstram que alguns deles foram condenados ou estão vinculados na Colômbia a casos de tráfico, fabricação e porte de armas, extorsão mediante sequestro, furto e transporte de entorpecentes, entre outros. No Equador, alguns eram procurados por “receptação”, segundo Salinas.

Depois do crime, dois pistoleiros trocaram tiros com guarda-costas do candidato. Segundo a polícia, um colombiano que efetuou os disparos contra ele, identificado como David Castillo López, foi morto com nove tiros.

O ministro equatoriano do Interior, Juan Zapata, assegurou, por sua vez, que prosseguem as investigações sobre quem foi o mentor do assassinato de Villavicencio.

O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, responsabilizou o crime organizado pelo homicídio, sem apontar especificamente para nenhuma das quadrilhas que atuam no país.

Antes de morrer, Villavicencio denunciou que José Adolfo “Fito” Macías, líder do temido grupo criminoso “Los Choneros”, o havia ameaçado. No sábado, o chefe criminoso foi transferido da prisão onde estava para outra de segurança máxima em Guayaquil (sudoeste), embora Zapata não tenha vinculado esta decisão ao crime.

Oficialmente, nenhuma quadrilha foi culpada. “Se nós não colocamos ainda o tema de a que GDO (Grupo de Delinquência Organizada) pertencem (os assassinos) é porque ainda seguimos uma linha investigativa”, concluiu Zapata.

Zurita antecipou que não fará comícios públicos por motivos de segurança. “Sabemos que se foram atrás de Fernando Villavicencio, vêm atrás de nós e não vamos permiti-lo”, afirmou.

(Com informações de AFP)

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