Cultura
Ouro sobre azul
Masp receberá pinturas do holandês Johannes Vermeer, a quem possuía sofisticação na técnica e interesse pelos problemas sociais
Vermeer
Masp, quarta 12 a 10 de fevereiro
É significativo que se possa apreciar apenas uma tela de um pintor, quando este em questão é o holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Por produzir com vagar e pouco, ele tem hoje um espólio autenticado de 36 trabalhos entre os 66 catalogados pelos primeiros estudiosos. A proposta do Masp é, portanto, tentadora. Entre 12 de dezembro e 10 de fevereiro, o museu expõe Mulher Azul Lendo uma Carta, recém-restaurada pelo Rijksmuseum, de Amsterdã, à qual pertence.
Apontar que o motivo representado na tela, realizada entre 1663 e 1665, se insere num típico universo do pintor também pode ser redutor de sua importância, na medida em que Vermeer se dedicou a dois ou três temas recorrentes. O interior do cotidiano de residências que o consagrou dois séculos depois se soma neste caso a algumas suposições, como a de que a mulher retratada estaria grávida. Se assim for, a traição seria apontada pelo detalhe de uma caixa com pérolas, símbolo de amantes, e a carta, correspondência de amor.
Como atesta um estudo de Norbert Schneider, especulações são comuns nos trabalhos do holandês, interessado em discutir problemas sociais. Não era o único na época.
O crítico Giulio Carlo Argan sustenta que se ele não inovou na temática, em voga na era de ouro da arte holandesa, é porque lhe interessavam as questões da própria pintura. Nesse sentido, Vermeer foi mais sofisticado na técnica entre seus pares ao utilizar material caro como o pigmento natural do azul ultramarino, extraído do lápis-lazúli, o que também justifica a restrita produção e circulação de seu nome à época.
Vermeer
Masp, quarta 12 a 10 de fevereiro
É significativo que se possa apreciar apenas uma tela de um pintor, quando este em questão é o holandês Johannes Vermeer (1632-1675). Por produzir com vagar e pouco, ele tem hoje um espólio autenticado de 36 trabalhos entre os 66 catalogados pelos primeiros estudiosos. A proposta do Masp é, portanto, tentadora. Entre 12 de dezembro e 10 de fevereiro, o museu expõe Mulher Azul Lendo uma Carta, recém-restaurada pelo Rijksmuseum, de Amsterdã, à qual pertence.
Apontar que o motivo representado na tela, realizada entre 1663 e 1665, se insere num típico universo do pintor também pode ser redutor de sua importância, na medida em que Vermeer se dedicou a dois ou três temas recorrentes. O interior do cotidiano de residências que o consagrou dois séculos depois se soma neste caso a algumas suposições, como a de que a mulher retratada estaria grávida. Se assim for, a traição seria apontada pelo detalhe de uma caixa com pérolas, símbolo de amantes, e a carta, correspondência de amor.
Como atesta um estudo de Norbert Schneider, especulações são comuns nos trabalhos do holandês, interessado em discutir problemas sociais. Não era o único na época.
O crítico Giulio Carlo Argan sustenta que se ele não inovou na temática, em voga na era de ouro da arte holandesa, é porque lhe interessavam as questões da própria pintura. Nesse sentido, Vermeer foi mais sofisticado na técnica entre seus pares ao utilizar material caro como o pigmento natural do azul ultramarino, extraído do lápis-lazúli, o que também justifica a restrita produção e circulação de seu nome à época.
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