Cultura

Cidade aberta

Memórias de Xangai contorna os interesses do cineasta chinês Jia Zhang-ke sobre a atualidade de seu país

Múltiplas vozes. Tao Zhao, a mulher que vaga como um fantasma
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Memórias de Xangai


Jia Zhang-Ke

Memórias de Xangai contorna os interesses do cineasta chinês Jia Zhang-ke sobre a atualidade de seu país, sem descartá-los completamente. Isso porque a razão de investigação deste documentário, estreia da sexta 6, é o passado da peculiar cidade portuária, de comércio aberto e multicultural, que se dividiu quando da revolução comunista de 1949. Quem não era partidário da nova ordem poderia fugir e se exilar em Hong Kong ou Taiwan e ali permanecer sem contato com os que decidiram ficar. O diretor ouve hoje alguns dos exilados e assim confronta o presente desses personagens, da mesma forma que as transformações incessantes da metrópole, com arranha-céus a contrastar  com a miséria e o abandono.

No primeiro caso, Zhang-ke seleciona 18 depoimentos, enquanto lança mão de um recurso ficcional de uma mulher (Tao Zhao) que vagueia como um fantasma pelas renovações e canteiros de obras. O estratagema, um tanto frouxo, serve mais ao intento habitual do realizador de trabalhar uma estética sofisticada apoiada na fotografia de Yu Lik-wai, parceiro frequente.

Melhores sãos as histórias de anônimos, a exemplo do capitalista que ganha dinheiro com uma seguradora, e de figuras conhecidas como o cineasta Hou Hsiao-hsian e sua atriz Rebecca Pan em Flores de Xangai. Por sua vez, o personagem tragicômico do guia que nos anos 1970 ficou encarregado de escoltar Michelangelo Antonioni quando este foi à China rodar um documentário revela muito das contradições do país e também dá pistas das influências de Zhang-ke.

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Memórias de Xangai contorna os interesses do cineasta chinês Jia Zhang-ke sobre a atualidade de seu país, sem descartá-los completamente. Isso porque a razão de investigação deste documentário, estreia da sexta 6, é o passado da peculiar cidade portuária, de comércio aberto e multicultural, que se dividiu quando da revolução comunista de 1949. Quem não era partidário da nova ordem poderia fugir e se exilar em Hong Kong ou Taiwan e ali permanecer sem contato com os que decidiram ficar. O diretor ouve hoje alguns dos exilados e assim confronta o presente desses personagens, da mesma forma que as transformações incessantes da metrópole, com arranha-céus a contrastar  com a miséria e o abandono.

No primeiro caso, Zhang-ke seleciona 18 depoimentos, enquanto lança mão de um recurso ficcional de uma mulher (Tao Zhao) que vagueia como um fantasma pelas renovações e canteiros de obras. O estratagema, um tanto frouxo, serve mais ao intento habitual do realizador de trabalhar uma estética sofisticada apoiada na fotografia de Yu Lik-wai, parceiro frequente.

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