Cultura
Microcosmo das nossas hipocrisias
Após dez anos sem ser traduzida no Brasil, Marie NDiaye ressurge com uma narrativa na qual o leitor é levado a desconfiar das intenções dos personagens
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/04/OK_NDIAYE-Marie-Francesca-Mantovani-Gallimard-2021-1.jpg)
Assim que Gilles Principaux entra no escritório da dra. Susane, ela se convence de que se trata da mesma pessoa por quem, 32 anos atrás, se deixara encantar. Mais que isso: ela aposta que aquele homem resolveu contratar seus serviços de advocacia porque, sim, a conhecera quando eram ele um adolescente e ela uma criança.
No momento em que se inicia a narrativa de A Vingança É Minha, Principaux, um homem muito rico, acaba de ser atingido pela tragédia: sua mulher, Marlyne, matou os três filhos do casal, e ele quer que dra. Susane a defenda.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.