Política

O que diz a PEC que pretende ‘privatizar’ as praias do Brasil

Texto está em discussão no Senado Federal; a relatoria é do senador Flávio Bolsonaro

Praia de Icaraí, em Niterói (RJ). O município é um dos quatro entes subnacionais que possuem seus fundos soberanos próprios. Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói
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O Senado retomou, nesta segunda-feira 27, a discussão sobre uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca repassar a propriedade dos terrenos do litoral do País para estados e municípios, bem como para agentes privados.

Uma audiência pública marcada para hoje deve tratar do tema na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

A PEC já foi aprovada na Câmara, ainda em 2022. Na Casa Alta, o relator da proposta é o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Pela Constituição, o litoral brasileiro é de domínio da Marinha. Uma das consequências da proposta, segundo entidades ambientalistas, seria a possibilidade de privatização das terras do litoral para fins imobiliários.

“Esse é mais um projeto do Pacote da Destruição prestes a ser votado. Isso põe em risco todo o nosso litoral, a segurança nacional, a economia das comunidades costeiras e a nossa adaptação às mudanças climáticas”, aponta o Observatório do Clima.

Flávio Bolsonaro, por sua vez, defende no relatório que é preciso regularizar as propriedades que, hoje, estão nos terrenos da Marinha.

“Há, no Brasil, inúmeras edificações realizadas sem a ciência de estarem localizadas em terrenos de propriedade da União”, diz um trecho do documento.

Pelo teor da PEC, haveria transferência imediata para os proprietários privados, condicionada a um pagamento. Caso o ponto seja aprovado, esses agentes devem estar inscritos “no órgão de gestão do patrimônio da União” até a data de publicação do texto.

Uma eventual transferência de propriedade, porém, não envolveria todo o conjunto de terras do litoral. Áreas usadas para serviço público federal, unidades ambientais federais e áreas ainda não ocupadas permaneceriam com a Marinha.

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