Mundo
Brasil não assina declaração final de Cúpula da Paz para a Ucrânia
Nem a Rússia nem a China estiveram presentes na reunião
![](https://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2024/06/53793043214_c55fc74eaa_k.jpg)
Dezenas de países reunidos em uma cúpula de paz na Suíça reforçaram seu apoio à independência e soberania territorial da Ucrânia, mas destacaram que Kiev deve negociar o fim da guerra com Moscou.
O Brasil não assinou o documento apoiando a declaração final. No sábado, o presidente Lula (PT) afirmou que o país só participaria da discussão sobre a paz quando os dois lados em conflito, Ucrânia e Rússia, estiverem sentados à mesa.
Nem a Rússia nem a China estiveram presentes na reunião, que terminou com uma declaração aprovada por quase 80 dos 92 países participantes. Além do Brasil, Índia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos não apareceram na lista de países que apoiaram a declaração final.
Mais de dois anos após a invasão russa da Ucrânia, líderes e autoridades de mais de 90 países reuniram-se em um luxuoso complexo hoteleiro em Burgenstock, Suíça, para tentar pôr fim ao maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
“Acreditamos que alcançar a paz requer o envolvimento e o diálogo entre todas as partes”, afirma o documento consultado pela AFP.
A declaração também reafirmou “os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia”, apelou à troca de prisioneiros e à volta para casa de crianças deportadas para a Rússia.
“Devemos fazer o nosso trabalho, não vamos pensar na Rússia, vamos fazer o que temos que fazer. Neste momento, a Rússia e seus líderes não estão prontos para uma paz justa. É fato”, declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
O presidente prometeu no sábado apresentar propostas de paz à Rússia assim que forem validadas pela comunidade internacional.
A cúpula se concentrou neste domingo na segurança nuclear e alimentar e no retorno das crianças ucranianas deportadas pela Rússia.
A reunião ocorreu em um momento delicado para a Ucrânia no campo de batalha, onde as forças russas são mais numerosas e mais bem equipadas.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse na sexta-feira que negociará com a Ucrânia desde que retire suas tropas das quatro regiões que Moscou reivindica e ocupa parcialmente, e renuncie à adesão à Otan. Kiev, Otan e Estados Unidos repudiaram as condições de Moscou.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, insistiu neste domingo que não há “ultimato”, mas uma “iniciativa de paz que considera a realidade no terreno”.
“A atual dinâmica no front mostra claramente que a situação continua piorando para os ucranianos”, disse. O Ministério da Defesa russo reivindicou neste domingo a tomada de Zahirne, na região de Zaporizhzhia, sul da Ucrânia.
As discussões na Suíça basearam-se em pontos consensuais do plano de paz apresentado por Zelensky no final de 2022 e nas resoluções da ONU sobre a invasão russa.
Os participantes foram divididos em três grupos de trabalho neste domingo: segurança nuclear, assuntos humanitários, segurança alimentar e liberdade de navegação no Mar Negro.
(Com informações da AFP).
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.