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Quiet ambition: jovens trabalhadores priorizam bem-estar em vez de liderança

Mudança no comportamento profissional reflete busca por qualidade de vida e saúde mental no ambiente de trabalho

Mudança no comportamento profissional reflete busca por qualidade de vida e saúde mental no ambiente de trabalho
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A chegada da geração Z ao mercado de trabalho trouxe mudanças significativas para as empresas. Uma dessas mudanças é o surgimento do conceito “quiet ambition”, ou ambição silenciosa. Esse comportamento descreve profissionais que priorizam qualidade de vida e saúde mental, evitando cargos de liderança que não valorizem esses aspectos.

Pesquisas da Gallup mostram que, nos Estados Unidos, metade da força de trabalho adota essa postura. Para muitos, sucesso agora significa equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e não mais a ascensão na carreira.

Reação à sobrecarga

Muitos trabalhadores estão dispostos a pedir demissão se perceberem que o trabalho ultrapassa seus limites pessoais. Este movimento impacta empresas que ainda seguem práticas tradicionais, como usar promoções como principal incentivo.

Pós-pandemia e mudança de valores

O termo “quiet ambition” foi mencionado pela primeira vez em uma reportagem da revista Fortune em abril de 2023. A matéria discutia como a pandemia de Covid-19 levou muitos a reavaliar suas carreiras. O escritor Austin Kleon, autor de “Roube como um Artista”, relatou sua experiência de focar mais em seus próprios objetivos e mencionou seu apreço pelo conceito de ambição silenciosa.

Desde então, o termo ganhou popularidade, especialmente entre a geração Z, mas também atrai adeptos de outras gerações. A principal motivação é evitar a carga de estresse associada aos cargos de liderança, buscando uma vida mais equilibrada.

Quiet ambition versus quiet quitting

O conceito de “quiet ambition” não deve ser confundido com “quiet quitting”. Enquanto o primeiro descreve a busca por equilíbrio e qualidade de vida, o segundo refere-se a funcionários que, insatisfeitos com o emprego, reduzem sua produtividade e engajamento ao invés de pedir demissão.

Impactos nas empresas

O movimento tem despertado atenção de empresas e pesquisadores. De acordo com a Gallup, apenas 8% dos americanos entrevistados desejam se tornar gestores, devido às responsabilidades e ao estresse associados. Um estudo da Visier, com mil entrevistados, revelou que muitos profissionais evitam cargos de liderança para ter mais tempo livre, com apenas 4% considerando a promoção ao alto escalão como um objetivo importante.

Essa “contracultura corporativa” desafia as expectativas tradicionais das empresas, que podem enfrentar escassez de talentos para sucessão de líderes. Além disso, empresas que usam promoções como incentivo precisarão repensar suas estratégias de motivação, já que a ascensão profissional não é mais tão desejada como antes.

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