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UE adota tarifas adicionais de até 38% sobre veículos elétricos chineses

A adoção da medida provisória ocorre após a União Europeia encontrar indícios de que estas empresas se beneficiam de subsídios “injustos” que prejudicam a competição no mercado

Mercado de veículos elétricos teve bons resultados no primeiro semestre - Foto: José Cruz/Agência Brasil
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A União Europeia (UE) anunciou, nesta quinta-feira (4), a adoção provisória de direitos compensatórios adicionais de até 38% para as empresas chinesas que fabricam veículos elétricos, por considerar que estas empresas se beneficiam de subsídios “injustos”.

Estes subsídios representam uma “ameaça de danos econômicos para os produtores europeus”, afirmou a Comissão Europeia, o braço Executivo da UE, em um comunicado.

As novas tarifas serão aplicadas a partir de 5 de julho.

A UE pretende adotar uma medida definitiva em novembro, mas até esse período manterá o diálogo com a China em busca de uma solução, embora as autoridades chinesas já tenham avisado que irão aplicar medidas retaliatórias.

A Câmara de Comércio Chinesa na UE (CCCEU) denunciou a decisão desta quinta-feira como uma “medida protecionista”.

A entidade, que representa mais de mil empresas chinesas na UE, afirmou sentir-se “profundamente decepcionada e insatisfeita” com a decisão anunciada nesta quinta-feira.

A empresa chinesa de automóveis elétricos NIO, que produz modelos de alto padrão, afirmou em uma nota que espera que o gigante asiático e a UE “cheguem a uma solução” para a controvérsia comercial.

A montadora XPeng disse à AFP que “não mudará a sua estratégia de exploração dos mercados estrangeiros” e que espera encontrar “uma forma de minimizar o impacto sobre os consumidores”.

No comunicado, a Comissão Europeia destacou que a adoção das tarifas provisórias e adicionais é o resultado de uma investigação que durou nove meses.

A investigação, observou a Comissão, concluiu que a cadeia de valor dos carros elétricos na China “se beneficia de subsídios injustos, o que causa uma ameaça de prejuízos econômicos aos produtores da UE”.

“A investigação também examinou as possíveis consequências e impactos destas medidas nos importadores, usuários e consumidores de carros elétricos na UE”, acrescentou.

Desse modo, a Comissão anunciou a adoção provisória de tarifas de 17,4% para a gigante BYD, e de 19,9% para a Geely, além de direitos aduaneiros de 37,6% para a SAIC.

Outros produtores de veículos elétricos na China que colaboraram na investigação estão sujeitos a tarifas médias de 20,8%, enquanto para as empresas que não colaboraram esta taxa sobe para 37,6%.

Em maio, a Comissão Europeia já tinha ameaçado aumentar as tarifas até 38%, que seriam adicionadas aos atuais direitos de importação de 10%.

Esperança no diálogo

A medida ocorre apesar das negociações comerciais entre China e UE em 22 de junho.

Segundo o comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis, a UE continuará “colaborando intensamente com a China para uma solução mutuamente aceitável”.

“Qualquer resultado negociado da nossa investigação deve abordar de forma clara e completa as preocupações da UE e respeitar as regras da Organização Mundial do Comércio”, afirmou o responsável em uma nota.

No mês passado, a China abriu uma investigação sobre as importações de carne suína, ameaçando as exportações espanholas.

As autoridades chinesas também criticaram as investigações que visam os subsídios estatais no setor da tecnologia verde, incluindo turbinas eólicas e painéis solares.

A UE busca generalizar os veículos elétricos, já que o bloco proibirá a venda de carros novos movidos a motores de combustíveis fósseis a partir de 2035.

Ao mesmo tempo, propõe-se a proteger a indústria automobilística do bloco.

No entanto, a Alemanha – uma potência automobilística e um importante parceiro comercial do gigante asiático – teme que as tarifas elevadas provoquem medidas de represália que afetem as suas atividades no mercado chinês.

A gigante alemã Volkswagen rejeitou nesta quinta-feira as altas tarifas anunciadas pela UE por considerá-las “prejudiciais”.

“Os efeitos negativos desta decisão superam os possíveis benefícios para a indústria automobilística europeia e, em particular, para a Alemanha”, afirmou o grupo.

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