Economia

Reforma tributária deve ter ‘imposto do pecado’ sobre carro elétrico e apostas; arma fica de fora

O Imposto Seletivo mira produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente

Em dezembro de 2023, o presidente Lula sancionou a lei que regulamenta as bets. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados criado para analisar a reforma tributária incluiu carros elétricos e apostas na lista de itens sobre os quais incidirá o chamado “imposto do pecado”. A palavra final, porém, será do plenário.

O Imposto Seletivo se aplicará, a partir de 2027, sobre a produção, a extração, a comercialização ou a importação de produtos e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

Em abril, o governo Lula (PT) enviou ao Congresso Nacional uma proposta de regulamentação da reforma. Desde então, o GT formado na Câmara analisou o texto e recomendou mudanças.

Conforme o parecer do grupo, apresentado nesta quinta-feira 4, devem ter uma alíquota superior à taxa de referência:

  • veículos;
  • embarcações e aeronaves;
  • produtos fumígenos;
  • bebidas alcoólicas;
  • bebidas açucaradas;
  • bens minerais; e
  • concursos de prognósticos e fantasy games

No caso das apostas, o “imposto do pecado” incidirá sobre as modalidades física e online, a exemplo das chamadas bets. De acordo com o deputado Hildo Rocha (MDB-MA), integrante do grupo de trabalho, os jogos de azar são prejudiciais à saúde.

“Então, eles teriam que entrar na lista de produtos a serem tributados pelo Imposto Seletivo. Assim como incluímos os carros elétricos, o que não veio de lá do governo. Entendemos que o carro elétrico, do berço ao túmulo, também polui. Principalmente no túmulo.”

Em relação à proposta original do governo para o “imposto do pecado”, então, os deputados incluíram os carros elétricos e as apostas.

O Congresso promulgou a PEC da reforma em dezembro de 2023, mas há uma série de pontos a serem regulamentados por leis complementares. Além de definirem as alíquotas, deputados e senadores terão de balizar os regimes especiais e os tratamentos diferenciados a setores e produtos.

O principal efeito da proposta é a unificação, a partir de 2033, de cinco tributos — ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins — em uma cobrança única, dividida entre os níveis federal (com a Contribuição sobre Bens e Serviços, CBS) e estadual/municipal (com o Imposto sobre Bens e Serviços, IBS).

A projeção atual é que a alíquota de referência da CBS e do IBS fique em 26,5%. Os itens sobre os quais se aplicará o Imposto Seletivo terão, portanto, uma taxa superior.

No GT, um dos impasses envolveu a possibilidade de incluir armas e munições no Imposto Seletivo. No fim das contas, a taxação extra não prosperou.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo