Mundo

Biden concede entrevista de alto risco a um canal de televisão

O democrata ainda não conseguiu apagar a péssima impressão deixada pelo debate de 27 de junho

O presidente dos EUA, Joe Biden, em 4 de julho de 2024. Foto: Mandel Ngan/AFP
Apoie Siga-nos no

Joe Biden concede nesta sexta-feira 5 uma entrevista de alto risco após sua desastrosa participação no debate com Donald Trump: um tropeço poderia deixar a candidatura do presidente para um segundo mandato pendurada por um fio, mas se sair bem também não garante um caminho fácil.

Em apenas uma semana, o democrata de 81 anos não conseguiu apagar a péssima impressão deixada pelo debate de 27 de junho.

Desde aquele duelo televisionado, os americanos não o viram falar sem teleprompter (apontador óptico para seguir um discurso em uma tela) nem por um longo período de tempo.

Biden terá a oportunidade de fazê-lo nesta sexta-feira em uma entrevista com o jornalista e apresentador estrela da ABC George Stephanopoulos, que será gravada durante uma viagem de campanha a Wisconsin (norte).

Por enquanto, o presidente americano permanece firme apesar das pressões. “Não tenho intenção de desistir”, disse na quinta-feira durante as celebrações do Dia da Independência.

Sua equipe de campanha redobra os esforços. Nesta sexta, divulgou um intenso plano de batalha para julho, que inclui um bombardeio de anúncios televisivos, visitas a todos os estados-chave, especialmente no sudoeste do país durante a convenção republicana, e campanhas de conscientização dos eleitores.

Em outras palavras, nada indica que Biden esteja pensando em desistir. O presidente também será o anfitrião de uma cúpula de líderes da Otan na próxima semana.

Programação especial

Como prova de que a entrevista é muito aguardada, a emissora de televisão alterou o horário de transmissão.

Inicialmente, a ABC havia planejado divulgar trechos nesta sexta e no sábado, e transmitir a entrevista na íntegra no domingo, mas no final os telespectadores poderão assistir à entrevista completa nesta sexta-feira às 20h no horário local (21h de Brasília).

Joe Biden estará diante de um jornalista que conhece como poucos os meandros da comunicação política.

George Stephanopoulos trabalhou para o ex-presidente democrata Bill Clinton durante sua primeira campanha e também na Casa Branca, onde foi um de seus conselheiros mais próximos ao longo de seu primeiro mandato.

Gagueira

Durante o debate, o presidente americano teve dificuldades para se expressar ao longo de 90 minutos. Biden se atrapalhou e perdeu o raciocínio várias vezes, o que deixou seu partido em pânico.

A quatro meses das eleições presidenciais contra o bilionário republicano, os democratas estão céticos quanto à sua capacidade de vencer, e uma esmagadora maioria dos americanos não considera o mandatário apto para governar por mais quatro anos.

Joe Biden, que nunca foi um orador muito fluente e teve problemas de gagueira no passado, terá de convencer na ABC através de sua elocução, sintaxe e expressões faciais.

No início desta semana, uma das vozes democratas mais influentes, a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi, considerou “essencial” que o presidente concedesse uma ou até duas entrevistas de alto nível.

Outros apoiadores de Biden pediram uma longa coletiva de imprensa para avaliar sua capacidade de responder com desenvoltura.

O presidente americano geralmente não concede coletivas de imprensa, a menos que sejam com um número limitado de perguntas de jornalistas previamente selecionados, mas prometeu realizar uma na semana que vem.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo