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Justiça suspende ordem de Trump para deportar refugiados e imigrantes

Deportações de cidadãos de países islâmicos provocaram protestos em aeroportos de todo o país

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A Justiça Federal dos Estados Unidos bloqueou parte do decreto assinado pelo presidente Donald Trump que suspende a entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria islâmica nos EUA (Iêmen, Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália e Sudão).

A ação foi apresentada pela União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) depois que dois iraquianos foram detidos no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, na sexta-feira 27.

A entidade considera a medida discriminatória e inconstitucional, uma vez que se aplica a cidadãos com documentos em dia.

A imprensa norte-americana estima que entre 100 e 200 passageiros tenham sido barrados no país, o que gerou protestos em diversos aeroportos. 

A decisão da juíza federal Ann Donnelly, tomada após uma audiência de urgência na noite de sábado 28, proíbe temporariamente o governo de deportar cidadão dos sete países mencionados que possuam documentos válidos para entrar nos Estados Unidos. De acordo com a magistrada, a medida pode causar “danos irreparáveis” aos passageiros.

A juíza também ordenou que o governo divulgue a lista de todas as pessoas retidas nos aeroportos do país desde sexta-feira. 

“É importante que nenhuma pessoa seja colocada de volta no avião”, disse Lee Gelernt, advogado da ACLU. A discussão, no entanto, está longe do fim, e uma nova audiência foi marcada para fevereiro.

As medidas são parte da estratégia dos EUA de evitar a entrada de “radicais islâmicos” no país, conforme anunciou Trump.

No sábado 28, o presidente afirmou à imprensa que a aplicação do decreto estava “funcionando muito bem”. “Vê-se nos aeroportos, vê-se em todas as partes”, disse Trump após as primeiras notícias de passageiros impedidos de embarcar.

Após a declaração, organizações de direitos humanos convocaram protestos no JFK e nos aeroportos de Chicago, Minneapolis, Denver, Los Angeles, San Francisco e Dallas. O chamado foi atendido por milhares de manifestantes.

Líderes da União Europeia também condenaram o decreto assinado por Trump. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ao presidente americano que “está convencida de que a guerra decidida contra o terrorismo não justifica que se coloquem pessoas sob suspeita generalizada em função de uma determinada procedência ou religião”. O teor da conversa, o primeiro contato entre os dois líderes desde que Trump chegou ao poder, foi divulgado neste domingo pelo porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.

Após as críticas e a decisão da Justiça, Trump voltou a defender o controle das fronteiras. Por meio do Twitter, o republicano disse que a Europa e o mundo vivem um “bagunça horrorosa”.

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