Política

Sob cortes do MEC, federal do Paraná vai parar em menos de três meses

Em nota, a universidade alerta que, caso o bloqueio de 30% do orçamento se confirme, não haverá como pagar despesas básicas

Universidade Federal do Paraná (Foto: Samira Chami Neves)
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Os cortes prometidos pelo ministro Abraham Weintraub no orçamento das universidades começam a provocar reações. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), alerta que, se o MEC persistir na ideia de contingenciar 30% da verba, as atividades da universidade pararão completamente já no segundo semestre.

Bolsonaro e Weintraub: a educação sob ataque (Foto: ABr)

Em nota, a universidade declarou que, caso o bloqueio se confirme, as atividades vão parar dentro de três meses. No caso da UFPR, diz a nota, esse corte representa um rombo de mais de 48 milhões de reais. A universidade não teria mais como pagar água, luz, telefone e o restaurante universitário.

Como a legislação impede o MEC de cortar despesas obrigatórias — como, por exemplo, o salário dos professores — esse corte terá impacto em gastos ordinários, que garantem o funcionamento cotidiano dos campi. Entram na conta, entre outros, seguranças terceirizados, comida nos refeitórios e material de laboratório para pesquisas.

Campus da UFPR, em Curitiba: mais de 33 mil alunos, em 164 cursos de graduação (Foto: Wikimedia Commons)

“Contamos com o diálogo com as instâncias competentes do governo federal para continuar atendendo à comunidade paranaense, como temos feito há mais de 106 anos, sem o perigo de interrupção das nossas atividades, o que acarretará prejuízos imensuráveis para os nossos estudantes e para a sociedade”, diz o texto divulgado na quinta-feira 2.

A ideia inicial era punir apenas as universidade que, conforme afirmou o ministro ao Estadão, promovessem ‘balbúrdia’ e não tivessem desempenho acadêmico adequado. Ao menos três universidades federais foram enquadradas no quesito: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Dois dias depois, ele recuou na motivação ideológica e estendeu a todas as universidades federais um contingenciamento de 30% no orçamento para o segundo semestre.

Leia a nota na íntegra:

“A Universidade Federal do Paraná (UFPR) informa que recebeu hoje (2) a comunicação, por parte do Ministério da Educação (MEC), sobre o bloqueio orçamentário de 30% das verbas destinadas ao seu custeio. Este corte, de mais de 48 milhões de reais, impactará itens relativos ao próprio funcionamento da instituição, atingindo diretamente despesas ordinárias como consumo de água, energia, contratos de prestação de serviços, restaurantes universitários, entre outros. Se esta medida não for revertida, as consequências serão graves para o desempenho das atividades da Universidade no segundo semestre de 2019.

A UFPR reforça, como tem feito reiteradamente, que o investimento nas universidades federais é importante para a soberania nacional, para a formação de excelência das futuras gerações, para o aumento da qualidade de vida da população e para o próprio desenvolvimento pleno da economia nacional, nas indústrias ou no agronegócio, por exemplo.

Sendo a mais antiga universidade em funcionamento no país, a UFPR atende a uma comunidade com mais de 33 mil alunos, em 164 cursos de graduação e 89 programas de pós-graduação com 89 mestrados e 61 doutorados, além de 45 cursos de especialização e profunda inserção na nossa comunidade em 392 projetos e programas de extensão.

Contamos com o diálogo com as instâncias competentes do governo federal para continuar atendendo à comunidade paranaense, como temos feito há mais de 106 anos, sem o perigo de interrupção das nossas atividades, o que acarretará prejuízos imensuráveis para os nossos estudantes e para a sociedade.”

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