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“Papa não é inimigo”, diz Mourão sobre Sínodo da Amazônia

“O governo brasileiro e a Igreja Católica andam lado a lado”, disse Mourão em coletiva de imprensa na embaixada do Brasil na Itália

O General Hamilton Mourão, vice-presidente do Brasil. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), cuja mulher é contratada pela Poupex. Foto: Suamy Beydoun/AGIF/AFP
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Em Roma para participar da canonização da irmã Dulce no domingo 13, no Vaticano, o vice-presidente Hamilton Mourão rebateu as denúncias sobre o Sínodo da Amazônia e disse que “em nenhum momento o governo brasileiro pode julgar o papa como um inimigo”.

“O governo brasileiro e a Igreja Católica andam lado a lado”, completou.

Mourão disse ainda que o Sínodo tem um viés político, apesar de ter sido convocado pela Igreja.

“Fazemos política o tempo todo. Óbvio que a questão do Sínodo tem como pano de fundo a Amazônia e alguns dos dogmas da Igreja Católica estão em discussão. A questão da ecologia integral é a grande discussão do século 21 e é responsabilidade do governo brasileiro proteger a Amazônia, e de mais ninguém. Não queremos ser conhecidos como governo motosserra ou que não defende os direitos humanos”, acenou.

Demarcação de novos territórios indígenas

Uma das principais denúncias dos índios brasileiros durante o Sínodo da Amazônia é a paralisação na demarcação de novos territórios indígenas. Mourão afirmou que os processos seguirão parados por tempo indeterminado.

“O Brasil tem 14% de terras indígenas demarcadas, é uma quantidade expressiva. A visão do presidente Bolsonaro é que o que está demarcado tem que ser protegido. Temos muita dificuldade em proteger e controlar aquilo que nós temos, só depois disso podemos saber se é o caso de novas demarcações”, afirmou.

A agenda do vice-presidente conta ainda com uma audiência com o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, na próxima segunda-feira 14. “Não recebi nenhuma determinação do presidente para convidar o papa a uma nova visita ao Brasil”, adiantou.

Contudo, Mourão acenou para uma possível visita de Bolsonaro à Itália em 2020 em que o presidente poderia ser também recebido por Francisco. “É fundamental esse encontro entre o presidente e o papa”, declarou.

O elevado número de autoridades brasileiras que participará da missa no Vaticano tem gerado controvérsias sobre o uso excessivo de verbas públicas.

Um levantamento realizado pelo jornal El País Brasil mostrou que o gasto com diárias para servidores do Executivo, Legislativo e Judiciário será de 186 mil reais, além de deslocamentos e hospedagem. Sobre isso, Mourão informou que a delegação do Planalto é constituída somente por 14 pessoas.

Itália

Na terça-feira 15, o vice-presidente brasileiro encontrará o presidente italiano Sergio Mattarella e o premiê Gseppe Conte.

Na agenda constam ainda reuniões com empresários de multinacionais italianas, entre elas Pirelli e Enel. “Tenho absoluta certeza que continuaremos com esse trabalho de cooperação com o governo italiano para um benefício mútuo, uma relação em que ambos tenham resultados positivos”, declarou.

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