Política
Caso Marielle: Explicações de Bolsonaro são ‘insuficientes’, diz líder do PSOL
Resposta do presidente sobre suposta relação com o assassinato de Marielle atacam direitos, afirma Juliano Medeiros
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Em coletiva dada nesta quarta-feira 30, o presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou que o partido não irá acusar Bolsonaro de estar envolvido no assassinato de Marielle Franco sem provas e declarou que as explicações dadas por Jair Bolsonaro “são absolutamente insuficientes” ao criticar o tom adotado pelo presidente para se justificar.
O nome de Jair Bolsonaro surgiu na noite da terça-feira 29 em uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. Segundo a matéria, os acusados de terem cometido o assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL, e seu motorista Anderson Gomes estiveram no condomínio de Bolsonaro horas antes do homicídio.
Questionado sobre os riscos políticos para Bolsonaro, Juliano Medeiros afirmou que a maneira como o presidente respondeu à reportagem representava desrespeito à imprensa e fazia relações não verídicas com o PSOL e com o atentado de Adélio Bispo contra Bolsonaro em 2018. Afirmou ainda que esperava que o “o Brasil viva um Chile o mais rápido possível” em relação à resposta popular às declarações de Bolsonaro.
“Queremos que autoridades esclareçam quem estava na casa 58 e se há algum contato entre Élcio, Ronnie e a família Bolsonaro. O PSOL em nenhum momento alimentou ilação nesse caso. Até agora, temos apenas um suposto contato”, disse, citando o nome de dois acusados de envolvimento no crime.
Há, por parte do PSOL, o desejo que o caso permaneça com o Ministério Público do Rio de Janeiro e que não seja federalizado para evitar “qualquer medida que pudesse interromper as investigações”, disse Medeiros. O partido pediu uma audiência com o presidente do STF, Dias Toffoli, ainda para esta quarta-feira, mas ainda não obteve retorno.
“Vamos pedir para que o STF fique atento a qualquer possibilidade de intervenção do governo federal. Jair Bolsonaro já demonstrou que interfere na Justiça para proteger sua família. É um risco”, relatou o presidente do partido.
Em nota, o partido já havia se posicionado rapidamente após a reportagem do Jornal Nacional, dizendo que o PSOL nunca tinha feito qualquer ilação entre Jair Bolsonaro e o assassinato de Marielle Franco, mas que as informações veiculadas são “gravíssimas”.
“O Brasil não pode conviver com qualquer dúvida sobre a relação entre o Presidente da República e um assassinato. Exigimos respostas. Exigimos justiça para Marielle e Anderson.”, diz o texto.
Entenda o caso
O porteiro do local contou à polícia que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos da morte de Marielle e Anderson, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. O funcionário disse que, ao interfonar para casa do presidente, o identificado por ele como “Seu Jair” liberou a entrada do suspeito.
No dia 14 de março, Jair Bolsonaro estava em Brasília na Câmara dos Deputados. Seu registro foi inscrito em sessões que aconteceram no período da manhã e da tarde naquele dia. Em suas redes sociais, o então deputado também postou vídeo com admiradores na parte de fora de seu gabinete.
Como as investigações chegaram até o presidente da República, o caso agora pode ser assumido pelo Supremo Tribunal Federal, como determina a Constituição. Representantes do Ministério Público do Rio foram até Brasília em 17 de outubro para fazer uma consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli, mas ele ainda não retornou.
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