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Marsilac lidera número de UBSs em São Paulo, mas faltam hospitais

O distrito supera em quase 25 vezes o pior colocado, Tatuapé

Fachada da UBS Jardim Emburá, uma das duas unidades básicas de saúde no Marsilac
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A mais de 50 quilômetros do centro de São Paulo, o distrito do Marsilac, no extremo sul, é a região com a melhor proporção de unidades básicas de saúde por habitante da capital paulista.

Com 2,51 UBSs para cada 10 mil moradores, a região está no topo do ranking elaborado pela nova versão do Mapa da Desigualdade, e supera em quase 25 vezes o índice do pior colocado dentre os 96 distritos, o Tatuapé, na Zona Leste.

Orlandina Barbosa, 60 anos, é uma das entusiastas da UBS de seu bairro. De seis em seis meses, a dona de casa marca presença na unidade na qual foi feita o pré-natal de seu neto, e onde ela recebeu o primeiro encaminhamento para um cardiologista.

Diagnosticada com uma doença no coração, dona Orlandina teve de buscar no Hospital Grajaú o especialista que a UBS do Jardim Emburá, uma das duas unidades do distrito, não oferecia.

Dona-Orlandina-60-com-o-encaminhamento-para-a-cirurgia-de-cateterismo.jpg Dona Orlandina, 60, com o encaminhamento para a cirurgia de cateterismo (Jéssica Bernardo/Agência Mural)

Com uma cirurgia de cateterismo marcada, a idosa passou a conviver com um novo medo: o de precisar de atendimento durante a madrugada, quando a UBS está fechada.

“Eu tava com medo outro dia porque eu passei mal à noite. Comecei a sentir umas dores no peito e tava sozinha em casa. Aí eu falei: ‘Meu Deus, e agora? E se eu passar mal agora?’ Não tinha ninguém que sabia dirigir comigo”, conta.

O Hospital do Grajaú, distante 28 quilômetros, fica a quase uma hora de carro da casa de dona Orlandina. Por conta da distância, vários moradores do bairro preferem ir até a cidade vizinha, Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, quando precisam de um atendimento de urgência.

“Lá tem pronto-atendimento. Eles atendem a gente, medicam”, comenta Dirce dos Santos Cardoso, 72 anos, que busca o pronto-socorro do Embu-Guaçu sempre que passa por situações de emergência.

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Se por um lado a distância entre Marsilac e hospital do município vizinho é menor, por outro, ir até lá de transporte público leva quase o mesmo tempo que ir até o Hospital do Grajaú.

Com uma oferta pequena de ônibus na região, os moradores do Marsilac podem enfrentar até uma hora e meia para fazer ambos os trajetos.

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Ariel Gomes, 20 anos, sabe bem da dificuldade que é depender do transporte público para chegar até o hospital. Na última Páscoa, o pequeno Miguel, filho da jovem, teve uma reação alérgica depois de comer chocolate, e Ariel precisou desembolsar 150 reais para voltar com ele do hospital.

“A gente teve que sair depressa. Levei ele para (a AMA de) Parelheiros. Quando cheguei lá, não tinha pediatra. Fui pro pronto-socorro de Balneário e também tava sem pediatra. A gente teve que ir pro Grajaú. Lá ele conseguiu atendimento, tomou antialérgico e tudo o mais. Só que na hora de vir embora já não tinha mais ônibus e a gente teve que pagar um carreto.”

Ariel-Gomes-20-com-o-filho-Miguel-na-frente-da-UBS-Jd.-Emburá.jpg Ariel Gomes, 20, com o filho Miguel em frente à UBS Jd. Emburá (Jéssica Bernardo/Agência Mural)

As obras para o Hospital de Parelheiros, que beneficiaria cerca de 200 mil moradores na região, incluídos os habitantes do Marsilac, não têm previsão certa para acabar.

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Segundo o Plano de Metas da gestão João Doria, 22 novas equipes de Atenção Básica serão criadas na prefeitura regional de Parelheiros até o fim do mandato, e a região também receberá um novo serviço de urgência e emergência.

Os distritos da Barra Funda, Consolação, Jardim Paulista, Liberdade e Vila Mariana não entraram na nova versão do Mapa da Desigualdade porque não possuem nenhuma UBS.

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Apesar disso, as regiões ficam próximas a grandes redes hospitalares como o Hospital das Clínicas, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e o Hospital do Servidor Público Municipal – Liberdade, além de terem uma maior oferta de transporte público do que as regiões periféricas da cidade.

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