Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Baco Exu do Blues: ‘Embranqueceram o amor como embranqueceram Jesus’

O novo álbum do rapper baiano fala das barreiras colocadas pelo racismo sobre o amor romântico. “Você acaba querendo buscar uma coisa que não foi criada para você“

Baco Exu do Blues: “Quando eu coloco as pessoas refletindo, vejo as feridas dela se abrindo” (Foto: Roncca/Divulgação)
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Quantas vezes você já foi amado? é o nome do terceiro álbum de estúdio de Baco Exu do Blues. Em mais um bom e reflexivo trabalho, o rapper baiano une negritude, religiosidade, amor, ódio – tudo isso de forma atual, bem construída e repleta de mensagens fortes. 

De volta a Salvador depois de 3 anos em São Paulo, ele se inspirou nessa transição e no retorno às memórias de infância para dar nome ao disco. “Tive a oportunidade de revisitar várias referências nesse processo. É muito doido você estar no lugar que passou sua adolescência, sua infância, depois de viver tantas coisas em tão pouco tempo. Consegui entender algumas coisas da minha vida. Desse entendimento vieram várias perguntas e uma delas foi essa: quantas vezes você já foi amado?”.

A dúvida o marcou de uma maneira tão forte que resolveu levar o tema ao seu novo álbum. “A diferença nas respostas das pessoas pretas das pessoas brancas quando se pergunta quantas vezes foi amado é absurda”, diz. “Embranqueceram o amor como embranqueceram também Jesus. Todos os símbolos grandiosos de paz, amor, justiça e hombridade foram embranquecidos com o passar dos tempos, através de livros, filmes, novelas, esses conteúdos que nos moldam”, afirma. “E aí, você acaba querendo buscar uma coisa que não foi criada para você. Aquela nomenclatura de amor, aquela nomenclatura de afeto, foi feita pra outro tipo de pessoa”.

As 12 faixas de Quantas vezes você já foi amado?, produzido por Marcelo Delamare, envederam por esse caminho complexo: “Quando eu coloco as pessoas refletindo isso, vejo as feridas dela se abrindo”. 

Na entrevista, Baco fala ainda do EP lançado no começo da pandemia e da  expectativa de voltar aos palcos. 

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