Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Banda sergipana com indicações ao Grammy tenta ganhar a cena nacional após a pandemia

The Baggios faz um som próprio e original, com reunião de influências, e é uma das grandes revelações musicais ainda a ganhar o País

Foto: Marcelinho Hora/Divulgação

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Júlio Andrade, o Julico, fez em 2022 com a banda que lidera, The Baggios, uma turnê na Europa com mais de 20 shows a partir do último álbum Tupã-Rá. Neste ano, o grupo vai volta a fazer o mesmo tour. Não é de hoje que eles se apresentam no exterior.

Em 2017, The Baggios foi indicado ao Grammy Latino na categoria de melhor álbum em português com o Brutown – já era o terceiro álbum da banda com 13 anos de estrada. Dois anos depois, nova indicação com o penúltimo álbum, Vulcão.  

Apesar de ter marcado também presença em alguns festivais no Brasil, a banda formada por Julico (vocal e guitarra), Gabriel Perninha Carvalho (bateria) e Rafael Ramos (teclados e contrabaixo elétrico) tenta superar as mesmas dificuldades que enfrenta desde praticamente o início da carreira. 

“Sinceramente, poucas coisas mudaram para conseguir show, aumentar cachê. Isso não foi realidade da gente”, diz Julico. “Estamos numa fase de tentar ver como conseguir espaços maiores, furar bolhas, entrar em novos circuitos”. O músico crê que a retomada da indústria pós-pandemia pode fazer finalmente a banda entrar no patamar merecido na música brasileira.

The Baggios tem enorme potencial para isso. Trata-se de uma banda com conceito, repertório próprio, original, permanente renovação e muito boa execução do que se propõe a fazer de agregar várias influências. 

São Cristóvão


Julico nasceu na cidade histórica de São Cristóvão, na região metropolitana de Aracajú, em Sergipe – os outros dois membros da banda são da capital sergipana. Foi lá que a banda The Baggios surgiu. O nome foi inspirado em um andarilho da cidade, que caminhava com seu violão entre os antigos casarios são-cristovenses, com o nome de Baggio.

“Virou referência para a gente de um sonhador, um cara que queria viver de música. A gente batizou o nome da banda como forma de dar continuidade a esse sonho de viver de arte”, explica Julico. Baggio chegou a acompanhar o começo da história da banda inspirada em seu nome, mas morreu em 2012. 

Em São Cristóvão, o vocalista recebeu influências de ritmos locais ainda presentes nos seus festejos, como a caceteira, chegança, samba de coco e samba de pareia, que estão de forma mais evidente nos últimos álbuns da banda. 

Antes, teve contato com o rock e suas vertentes, depois o blues e também a música brasileira dos anos 1960 e 1970. “Quis sempre mesclar tudo que gostava de ouvir. Faço isso até hoje”, conta Julico.

“O que vou descobrindo, vou querendo colocar nesse liquidificador para gerar esse coquetel sonoro. Em cada disco dá pra perceber que existem camadas extras de influencias novas. Gosto de pesquisar música desde sempre”, conta. “Hoje, por exemplo, estou curtindo muito ouvir música da África”. O disco Tupã-Rá, aliás, tem muito do afrobeat e das percussões.  

The Baggios faz essa mistura com maestria como poucas bandas no País. O último álbum que eles pretendem circular mais no Brasil neste ano é um exemplo. Pode ser desta vez, depois do caos, que uma das grandes revelações da música brasileira ocupe a cena nacional. 

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