Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Com carnaval cancelado, BaianaSystem faz reflexão crítica da folia

Curta-metragem documental criado pela banda baiana faz a necessária conexão da festa popular com as raízes e o povo

Foto: Reprodução
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O tambor de rua e os batuqueiros anônimos estão calados pelo segundo ano consecutivo. Não tem carnaval. A força ancestral da percussão faz falta. Assim como o povo no espaço público.

Carnaval do Invisível, curta-metragem documental de 22 minutos criado pelo grupo BaianaSystem e lançado esta semana no canal da Amazon Music no Youtube, traz uma reflexão, sem clichês, da folia de Salvador.

A pandemia tem sido um bom momento para discutir o exaurido modelo de carnaval hoje. O documentário traz algumas ideias importantes, com depoimentos de gente que correlaciona muito bem a festa popular com o País e a sua contribuição na transformação social e afirmação da nossa gênese.

A lembrança da inegável relação da percussão com a cultura brasileira. Os blocos afros e a sobreposição do trio elétrico. A ocupação da rua e o folião invisível. O encontro do carnaval com um dos melhores sentimentos: a alegria.

O documentário é ambientado no centro histórico de Salvador, onde a alma brasileira pulsa na veia, principalmente no carnaval. Um personagem – significando a onipresença e a invisibilidade ao mesmo tempo – no filme surge a todo instante, com a corda amarrada em toda a sua cabeça – será que é a mesma corda que fica atrás do trio elétrico e segrega os foliões nas ruas públicas de Salvador?

O BaianaSystem cita o projeto como uma “manifestação”, mas é uma provocação. A trilha sonora é espetacular, padrão BaianaSystem, assinado com mestre e maestro Ubiratan Marques, que é um dos que falam com propriedade no filme sobre o carnaval.

Além deles, o filme conta com expressivos depoimentos de antropóloga baiana Goli Guerreiro, do músico e educador Mestre Jackson e do cineasta Mateus Rocha, que é cadeirante e aborda a experiência na pipoca do próprio BaianaSystem.

Há várias imagens do carnaval de Salvador, desde a década de 1940, inserida nesse bom documentário. A direção é de Filipe Cartaxo, Letícia Simões e Russo Passapusso.

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