Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Websérie coloca o intérprete de Libras como protagonista da música

Projeto inclusivo no YouTube explica a importância de garantir o acesso da comunidade surda à cultura, com depoimentos de músicos e realizadores

Foto: Novelo/Divulgação

Apoie Siga-nos no

Em vez de colocar o intérprete no cantinho da tela, ele é destaque, enquanto os artistas interpretam suas canções no quadro ao lado, em tamanho menor. A proposta é valorizar aqueles que se comunicam com os surdos.

O projeto Mãos à Obra – Arte Feita para Surdos, disponível no YouTube, propõe exatamente isso. A primeira temporada da ótima iniciativa é intitulada Música Acessível e foi lançada em 20 de outubro. O trabalho foi idealizado e dirigido pela cantora e compositora capixaba Bella Nogueira, que mantém desde 2020 o canal Explicanção, voltado para a comunidade surda.

“A proposta dessa série é convidar o setor cultural e convidar principalmente a galera do audiovisual que cria, que existe um novo jeito de fazer (apresentação de música)”, comenta.

A websérie, realizada com recursos do Funcultura do governo do Espírito Santo, conta com 12 músicos capixabas interpretando suas composições com intérprete de Libras em destaque.

Além disso, no canal há vídeos extras com depoimentos dos artistas sobre o projeto, além da própria Bella explicando a iniciativa, que tem foco em facilitar o acesso à música.

Karina Zonzini é a intérprete de Libras no canal. Em um vídeo, ela ressalta a importância de a cultura ser inclusiva.


“Que os artistas percebam que nós não estamos ali querendo dividir ou disputar o palco. Nós queremos tornar a arte deles acessível e levar para mais pessoas”, afirma.

Os músicos convidados para esta primeira edição do projeto são Ada Koffi, Alinne Garruth, Amaro Lima, Auri, Brunu Chico, Dan Abranches, Daniel Silva, Eloá Puri, Érika Nasser, Nano Vianna, Novelo e Vitu.

Em vídeo no canal chamado O Manifesto, os artistas participantes são provocados a se colocar na posição tradicional de intérpretes de Libras no canto da tela, ilustrando a situação que vivem esses profissionais na produção audiovisual tradicional.

Os vídeos, bem cuidados, são todos em preto e branco, para evitar distração visual. O projeto tem depoimentos e expressões sensíveis e comprometidos com a causa, além de bom repertório musical. Uma iniciativa gigante.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.