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O choque neoliberal causou a maior crise da história

Nota nº 1 do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica/Unicamp prevê: o patamar do PIB de 2014 não será retomado antes de 2020

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O Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp (Cecon) inicia neste mês de maio a publicação de uma série de notas de conjuntura. A primeira, “Choque recessivo e a maior crise da história: A economia brasileira em marcha ré” , de autoria de Pedro Rossi e Guilherme Mello, discute as causas da atual crise econômica brasileira e apresenta um diagnóstico segundo o qual o choque recessivo de 2015 foi o seu principal fator explicativo.

A nota técnica de cinco páginas começa caracterizando essa crise como a maior da história brasileira documentada nas estatísticas, considerando a queda do PIB e o aumento do desemprego. E mostra que a duração da atual crise também deve ser inédita, pois, mesmo em um cenário otimista, o patamar do PIB de 2014 não será retomado antes de 2020 (figura abaixo).

Segundo os autores, os fatores que explicam a crise em 2015 têm natureza distinta daqueles que explicam a desaceleração ocorrida no ano anterior, quando houve uma forte contração do investimento, mas o consumo das famílias continuava a contribuir positivamente para o crescimento, mesmo que a taxas decrescentes. O mesmo não ocorreu no ano seguinte.

Em 2015, o governo optou por um choque recessivo ou, em outras palavras, lançou mão de um conjunto de políticas de austeridade econômica. Esse choque recessivo foi composto de: i) um choque fiscal (com a queda das despesas públicas em termos reais); ii) um choque de preços administrados (em especial combustíveis e energia);  iii) um choque cambial (com desvalorização de 50% da moeda brasileira em relação ao dólar ao longo de 2015); e iv) um choque monetário, com o aumento da taxas de juros para operações de crédito.

Também a partir de 2015 há uma mudança profunda no mercado de trabalho, com rápido aumento da taxa de desemprego. Além disso, ocorre uma modificação importante na dinâmica dos componentes da demanda agregada. Em 2014, a variável de demanda que puxa a desaceleração era o investimento, enquanto que o consumo das famílias continua a contribuir positivamente para o PIB.

O consumo das famílias foi símbolo do padrão de crescimento dos governos Lula, no qual o dinamismo do mercado interno tinha um importante papel indutor do investimento e do crescimento. Entre 2004 e 2010, o consumo das famílias cresceu em média 5,3% ao ano. No primeiro governo Dilma Rousseff, o consumo das famílias cresce em média 3,5%, em um claro movimento de desaceleração.

No primeiro trimestre de 2015, há uma quebra estrutural no comportamento dessa última variável, encerrando um longo ciclo de crescimento no qual o consumo das famílias, e o mercado interno, assumiram um papel de destaque. A desaceleração de 2014 não explica essa quebra estrutural observada nessa série. Tampouco parece razoável atribui-la aos efeitos defasados de políticas anteriores. Surgem claramente fatores exógenos ao ciclo econômico que explicam essa quebra estrutural. No caso, o fator explicativo é o choque recessivo.

Em 2016, com a mudança de governo, ocorre uma mudança na estratégia econômica, que passa a privilegiar as reformas estruturais liberalizantes em detrimento do ajuste de curto prazo. As expectativas de retomada do crescimento com a adoção do ajuste recessivo e a implementação de reformas têm se provado frustradas, fazendo com que a economia brasileira ande por mais de dois anos em marcha a ré.

Acesse a nota completa aqui. E outros gráficos aqui. E assista ao vídeo.

 * O Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), criado em 1985, tem como objetivo acompanhar sistematicamente a evolução da economia e da política econômica no Brasil, assim como em outros países e regiões.

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