Diálogos da Fé

Blog dedicado à discussão de assuntos do momento sob a ótica de diferentes crenças e religiões

Diálogos da Fé

Entenda o significado de jihad

O termo não pode ser confundido com as ações de grupos terroristas. Ao contrário. Bem compreendido, é um poderoso instrumento de paz

As escolas na Turquia vão ensinar a jihad
Apoie Siga-nos no

Entre alguns jovens muçulmanos, o conceito religioso mais prezado é o da jihad. Apesar disso, muitos não percebem que o termo é usado fora do seu significado principal, pois a atração existente é suficiente para fasciná-las.

Os não muçulmanos geralmente conhecem o termo por meio dos grupos armados, como o Estado Islâmico e al-Qaeda. Por isso, jihad acabou confundida com o significado de terrorismo. Quando se fala dos grupos jihadistas, imediatamente vêm à mente agremiações como o EI. E estes cometem atos bárbaros, como decapitar prisioneiros e exibir ao mundo por meio de vídeos e imagens. Perpetram ataques terroristas e causam a morte de inocentes que nada tem a ver com suas justificativas absurdas.

Na realidade, a jihad é um conceito positivo em todos os sentidos. O termo que deve ser usado para os conflitos armados e guerras é qital (disputa). Este significa combate e guerra.

O melhor exemplo para compreender a diferença entre jihad e qital é um caso que aconteceu com Ali, genro do profeta Muhammad e o quarto califa, que estava em uma batalha contra um adversário. Durante o combate, Ali conseguiu derrotar o inimigo e levantou sua espada para matá-lo. No momento em que enfiava a espada no peito do inimigo, este cuspiu na face de Ali, que ficou muito bravo, mas desistiu de matá-lo. O homem ficou surpreso e perguntou: “Eu cuspi na sua face para irritar você e estimulá-lo a me matar mais rapidamente, assim eu sofreria menos dor. Mas você fez o contrário e deixou de me matar. Por quê?”.

Leia Mais:
O fim do Estado laico
A maioridade penal e parábola do Bom Samaritano

Ali respondeu: “Eu iria matá-lo pois tive de participar desta batalha. Eu fiquei muito bravo quando você cuspiu no meu rosto. Se eu te matasse depois de você cuspir, então eu teria matado você por minha própria vontade e não por  estar na batalha. Isso seria algo muito ruim, então desisti”.

O combate entre Ali e seu inimigo é qital. O autocontrole para não matar quando seu inimigo cuspiu nele é jihad. Pois existem dois aspectos da jihad: a maior e a menor. A jihad maior é o combate com o nosso ego destrutivo e com os desejos e pensamentos imorais, portanto é um combate interno. A jihad menor é qualquer tipo de combate com qualquer coisa externa, inclusive a guerra.

O conceito de jihad foi inserido no currículo escolar no ensino religioso na Turquia. Faz sentido que seja inserido por ser uma questão religiosa. Se for compreendido e ensinado de maneira correta, o mau uso do conceito pelos grupos terroristas e a tendência dos jovens ao terrorismo serão impedidos.

A situação é, no entanto, totalmente diferente. A maneira como o termo jihad é tratado nessas aulas não atua para impedir o terrorismo. Ao contrário. A força de motivação deste conceito é usada a serviço das políticas de Estado.

Entretanto, jihad significa “o maior esforço possível pela causa de Deus”. Subordinar a jihad às políticas de Estado muitas vezes pode ser um caso desagradável aos olhos de Deus. Seria o mesmo que matar ou morrer em uma guerra injusta.

A abordagem do conceito de ensino de jihad nos livros didáticos na Turquia é assim. É possível que o governo turco preveja grandes confusões e até possíveis guerras na região. Para evitar críticas às suas políticas e obter o apoio do povo, o governo trabalha o conceito de jihad. Assim, caso o governo tome uma decisão de guerra, tal guerra poderá ser considerada “santa”.

Este é o momento de orar pelo Oriente Médio. Pois uma possível guerra terá o potencial de afetar diversas partes do mundo. 

Tradução: Atilla Kus. Revisão: Mustafa Goktepe

ENTENDA MAIS SOBRE: ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo