Diálogos da Fé

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Terrorismo: as “máquinas de morte” entram em ação

Os mascarados que executaram fiéis em uma mesquita no Egito não agem em nome do islã

O ataque à mesquita deixou mais de 300 mortos
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Sexta-feira é o dia mais abençoado da semana. A oração da sexta é a mais importante dentre as orações da semana. Enquanto as outras podem ser realizadas em qualquer espaço e individualmente, a oração da sexta deve ser feita coletivamente. No dia 24 de novembro, uma sexta-feira, a mesquita de Al-Rawdah, na região do Sinai, no Egito, estava lotada de muçulmanos preparados para a oração mais importante da semana. Eles iriam exercer sua fé e sair da mesquita em busca do sustento de seus filhos no comércio, conforme ordenado nos versículos do Alcorão lidos nas orações daquele dia.

Eles entraram na mesquita, fizeram-se presentes diante do seu Senhor e… Alcançaram ao Senhor enquanto oravam.

No momento em que os fiéis rezavam, em total concentração e reverência, alguns mascarado armados invadiram a mesquita e atiraram. As bombas explodiram uma atrás da outra e as armas vomitaram a morte. Ao todo, foram 245 mortos ainda na mesquita. Outros 60 chegaram vivos aos hospitais, mas não resistiram.

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Prestem atenção: O local era um templo. Os fiéis se dirigiam a Deus e rezavam. Alguns muçulmanos(!), que alegam fazer a jihad pela causa de Deus, mataram os seus irmãos enquanto estes adoravam ao Senhor.

E isso é chamado de “terrorismo islâmico” no mundo moderno. Como um ato de massacrar inocentes por meio de um caminho maldito como o terrorismo pode ser “islâmico”?

Não, aqueles que usam o terrorismo como um método jamais podem ser considerados muçulmanos. Seja qual for o propósito, matar inocentes é homicídio, assassinato. Segundo o Alcorão, matar um inocente é igual a matar toda a humanidade. Aliás, matar alguém no momento de adoração a Deus, com bombas e armas, equivale a apontar uma arma a Deus.

Infelizmente aconteceu… E não foi a primeira vez. Antes de Al-Rawdah, mesquitas no Iraque foram bombardeadas sob o manto do sunismo ou do xiismo. Terrorismo é terrorismo e deve ser condenado, independentemente de quem cometa tal crime.

Atente-se ao ataque em Al-Rawdah: o Estado Islâmico, que surgiu sob o pretexto de fundar um califado, matou 305 muçulmanos de uma só vez.

Cometeram este massacre em nome de quê?

Segundo eles, em nome do Islã.

Quem eles mataram?

Muçulmanos inocentes.

Matar muçulmanos inocentes durante a adoração a Deus serve ao Islã?

Impossível.

Quem se beneficia do terrorismo? Em nome de quem se cometem estes massacres? Os terroristas são idiotas? Aqueles que deram as armas aos executores, planejaram os ataques e os mandaram à mesquita são idiotas?

Na visão dos muçulmanos, a palavra idiotice soaria muito leve.

Os terroristas e aqueles que utilizam o terrorismo não são idiotas. Conseguem fazer a sua propaganda e recrutar gente dentro das comunidades muçulmanas nos países islâmicos, europeus e nos Estados Unidos. Conseguem enviar recrutas para a Síria, o Iraque. Conseguem fornecer armas e dinheiro a eles. Conseguem usar profissionalmente as redes sociais. Conseguem fazer militantes armados atravessar as fronteiras e cometer assassinatos.

Por incrível que pareça, não percebem que estas ações prejudicam ainda mais os muçulmanos e o Islã.

Eles conseguem utilizar os argumentos religiosos para transformar os ignorantes e os problemáticos em máquinas de morte.

Neste caso, o terrorismo é obra de quem? Caso aqueles que matam fossem robôs, a quem chamaríamos de terroristas, os robôs ou aquelas mentes que os usam?

Devemos deixar de nos ocupar com as máquinas de morte. Sem dizer “mas”, “porém”, sem fazer isenção, sem hesitação, sem atribuir a palavra terror ao Islã, e sem tentar benefícios do terrorismo, mesmo indiretamente. Vamos todos condenar o terror. Devemos ver que os patrões do terrorismo podem explodir suas bombas em qualquer lugar do mundo, e não devemos dizer que “isto não é problema nosso”.

Tradução: Atilla Kus. Revisão: Mustafa Goktepe, Gabriel Ribeiro

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